sábado, 7 de abril de 2012

Cuidar significa...

Dar banho, trocar fralda, limpar o nariz, acalentar, dar colo, fazer dormir, dar remédio quando está doente, acolher, fazer carinho, dar o bico quando está chorando, alimentar, brincar, ensinar, dar limite, ensinar a usar o banheiro e lavar as mãos, ensinar a respeitar o colega, as pessoas, ajudar a subir e descer escadas e muito mais.
Quem nunca ouviu falar da nova concepção de trabalho do professor na Educação Infantil, cuidar e educar indissociável? Nova concepção não, antiga. Afinal a LDB 9394/96 já estabelecia que o PROFESSOR é o responsável por cuidar e educar a criança de 0 a 05 anos e isso já significava em 1996 atender a criança em suas necessidades básicas de higiene, sono e alimentação.
Então vamos falar do trabalho no CEI Maria de Lourdes Scoralick Serretti onde o cuidar e o educar andam juntos.
Para embasar teoricamente nosso trabalho, deixo trechos da Proposta Curricular da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Nova Lima. 
A criança, o cuidado e o
conhecimento de si e do outro.
Um currículo de Educação Infantil, que tem como perspectiva a formação humana das crianças, não pode desconsiderar o trabalho pedagógico com esse campo de experiência. Ele diz respeito aos aspectos relacionados ao autoconhecimento da criança, bem como ao aprendizado do autocuidado e do cuidado com o outro. Envolve, portanto as relações sociais e afetivas ligadas ao aprendizado do “ser” e do “conviver”.
Cuidado/autocuidado é a capacidade que temos de, por meio da interação com outros humanos, construir formas de identificar, valorizar e atender nossas necessidades básicas de preservação da vida e da integridade corporal, necessidade de alimentação, de segurança psíquica e física, necessidade de descanso, sono, repouso e higiene.
O cuidar é, portanto, muito mais que dar banho, que não deixar cair ou machucar. Cuidar significa conhecer a criança em sua totalidade, ou seja, saber identificar necessidades através da fala, dos gestos, do toque, do olhar, das produções, das relações e interações com o outro. Os atos relacionados aos cuidados das crianças, apesar de estarem determinados pela natureza, também estão impregnados de sentidos, construídos na cultura por meio das relações permeadas pela afetividade e respeito.

Desta forma o ato de cuidar se relaciona ao ato de “conhecer- se a si mesmo”, uma vez que para conseguir identificar as necessidades de seu corpo e atendê-las, as crianças precisam aprender a se conhecer. Nesse sentido, a família e a instituição que atende crianças de zero a seis anos têm um papel fundamental, na medida em que são mediadoras entre a criança e a cultura.
(...) Ao nascer, a criança se relaciona com o seu meio físico e social, estabelecendo vínculo afetivo com a mãe ou com quem cuida dela. O mundo é apresentado a ela através do outro. O vínculo afetivo, em determinados momentos, é a porta de acesso para a criança ingressar neste mundo. A criança constrói sua identidade no contato com o meio, na construção do grupo a que pertence, na relação com os conhecimentos e valores sociais. Para conhecer o mundo é importante a proximidade com o outro, pois é nesse processo de interação que ela aprende e se desenvolve.
O cuidado com o outro é concretizado em ações e atitudes realizadas para promover o conforto e o bem-estar do outro. Acalentar, oferecer carinho, limpar o nariz, pegar a bolsa ou os objetos pessoais para aquele que já vai embora, oferecer um brinquedo quando está chorando ou um pedacinho do lanche quando se está triste, são algumas formas que os pequenos utilizam para cuidar do outro. O toque físico é uma das principais manifestações de cuidado e bem presente no cotidiano das crianças da Educação Infantil. O ato de tocar aproxima as crianças entre si.
(...) Ao cuidar do outro, a criança começa a exercitar a ideia de se "colocar no lugar do outro", o que é, inicialmente, bastante difícil para crianças tão pequenas, uma vez que ainda vivem a fase do egocentrismo, isto é, pelas próprias características de seu desenvolvimento cognitivo; nessa etapa da vida ainda não conseguem pensar no ponto de vista do outro.  No entanto, elas desenvolvem tal sentimento por imitação, baseando-se na forma como são cuidadas pelos adultos mais próximos e de como estes as auxiliam, a perceber o que o outro pode sentir, a necessidade de serem cuidadas e cuidarem do outro. Neste processo, as crianças começam a desenvolver a empatia necessária para cuidar do outro.
E o que as crianças podem aprender?
Ao vivenciar as experiências de cuidado, conhecimento de si e do outro, espera-se que as crianças construam os seguintes conhecimentos e saberes (atitudes, valores, procedimentos):
  • Conhecimento de seu próprio corpo;
  • Conhecimentos das partes do corpo;
  • Expressão de sentimentos e necessidades;
  • Respeito aos combinados;
  • Controle de esfíncter;
  • Cuidados de saúde e higiene corporal;
  • Atitudes de cooperação solidariedade e tolerância;
  • Conhecimento das possibilidades de seu corpo;
  • Respeito aos seus próprios limites e aos do outro;
  • Cuidados com o ambiente;
  • Reconhecimento da diversidade de gênero, racial, étnica, religiosa, de ideias e de opiniões;
  • Atitude de confiança nas próprias possibilidades;
  • Conhecer o outro como parte fundamental do seu próprio processo de conhecimento.

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