domingo, 29 de janeiro de 2012

Caixas de papelão: muitas possibilidades com os pequenos.

Já imaginou a sua sala cheia de caixas de papelão para as crianças brincarem? Pois experimente colocar no meio da sala caixas de diferentes tamanhos e você irá surpreender-se com a criatividade dos pequenos.
Este é um dos tantos Objetos de largo alcance* que as crianças mais gostam e utilizam em suas brincadeiras. No espaço da brincadeira elas se tornam cabanas, carrinhos, camas de bonecas, armários, prateleiras, labirintos, mesas e muito mais o que a imaginação permitir.
A seguir apresento uma série de imagens de um espaço construído com caixas de papelão para as crianças brincarem. O mesmo utilizou a criatividade da professora, muitas caixas de diferentes tamanhos, papel laminado colorido, fita adesiva de empacotamento larga, tesoura e papel crepom. Um material possível em qualquer escola.
Observem que os recortes são diferentes em cada caixa, o papel laminado nas paredes serve para as crianças se visualizarem e o chão ganha acabamento com as abas da própria caixa, o que permite firmá-las no chão.
Um verdadeiro circuito de emoção!!!

Estas imagens foram feitas em uma escola de Educação Infantil Grão de Chão  em São Paulo.

*Chamamos de objetos de largo alcance todo material que permite a criançao no espaço da brincadeira tais como panos, tocos de madeira, potes plásticos, caixas, etc.

Tempo e espaço para crescer e aprender.



Mais uma abordagem teórica sobre a importância dos espaço na Educação Infantil. Esta vem aliada aos tempos que em outros posts irei abordar de forma cuidadosa por ser um aspecto também muito importante para os pequenos.
Este texto faz parte de um material publicado na cidade de São Paulo para a formação de professores.

Tempo e espaço para crescer, viver e aprender.

Planejar o currículo vivido na Educação Infantil – que se faz ouvindo as crianças (com seus saberes e motivos, aqui incluindo também os bebês que são “ouvidos” de modo próprio) e também os pais - envolve prever condições para a ocorrência de situações de exploração que ofereçam à criança condições para que ela se construa como sujeito que se emociona, pensa, imagina, fabrica coisas. Tais situações podem envolver momentos coletivos em que todas as crianças participem da mesma vivência, momentos de trabalho diversificado realizado por grupos que as elegem segundo seus motivos e condições pessoais, e também momentos em que a privacidade de cada criança seja garantida e ela possa apenas relaxar, ou imaginar, ou explorar o entorno.
Nas interações criadas nesses momentos, as crianças põem à prova seus saberes ou significações e podem ampliá-los. No entanto, é preciso lembrar que agrupar as
crianças em um mesmo espaço não garante a qualidade das interações infantis. Essas são mais prolongadas, interessantes, criativas e criadoras de novas formas de agir, quando o professor organiza as vivências propostas, os tempos, os espaços/ ambientes e disponibiliza materiais diversos. Todos esses elementos servirão como recursos para as crianças agirem e aprenderem.
A oferta de materiais variados e sempre acessíveis às crianças e a organização de ambientes de forma confortável e orientadora das ações infantis favorecem o desenvolvimento da autonomia nas suas escolhas e a participação delas em várias atividades em um mesmo dia.

Para pensar com o grupo
Ambientes nos CEIs, Creches e EMEIs
a.
Os espaços utilizados pelas crianças são atraentes e contam com materiais que possibilitam à criança explorar o entorno, interagir com diferentes parceiros, dispor de momentos de privacidade?
b. O ambiente é confortável, em especial, para as crianças que passam muitas horas na instituição de educação infantil?
c. As situações que o professor oportuniza são desafiadoras?
d. Todas as crianças estão envolvidas na mesma atividade todo o tempo ou há momentos para atividades diversificadas?
e. A criança pode interagir com companheiros de diferentes idades?
f. São organizadas filas? Para quê? Por quê? Quanto tempo elas duram? São consideradas momentos de organização dos grupos ou de restrição?
g. A partir de que idade as crianças são estimuladas a comerem sozinhas?
Elas podem se servir do alimento?
h. As crianças brincam com freqüência? De quê? Com quais materiais elas brincam?
i. O pátio ou outro espaço externo é usado com freqüência? Para que tipo de atividade?
A noção de “ambiente”, contudo, extrapola os muros do CEI, da Creche ou da EMEI. O espaço físico dessas unidades educacionais não se resume apenas a sua metragem, insolação, topografia, mas ele precisa tornar-se um ambiente, isto é, ambientar as crianças e os adultos procurando atender suas necessidades e exigências nos momentos programados ou imprevistos, individuais ou coletivos.
O ambiente, inclusive, pode estenderse à rua, ao bairro e à cidade. Constitui assim uma variável decisiva da proposta pedagógica e um elemento fundamental na realização do projeto pedagógico da unidade educacional, devendo ser continuamente planejado e reorganizado por todos que nela atuam direta ou indiretamente. 
O ambiente é constituído pelos modos como se organizam
a. os espaços, dando a eles o estatuto de lugares para crescer e aprender;
b. os objetos e demais materiais, instrumentos necessários aos tantos fazeres e inventos infantis.
c. os tempos das tantas propostas que são apresentadas às crianças e das ações que elas mesmas criam e recriam.
Os diferentes ambientes dos CEIs, das Creches e das EMEIs devem ser organizados de modo a propiciar às crianças oportunidades para ampliar suas experiências no mundo da natureza e da cultura, produzir novas significações e renovar sua cultura. Para tanto, faz-se necessário superar o modelo pedagógico centrado no adulto e construir:
1. um ambiente aberto à exploração do lúdico;
2. lugares onde crianças e adultos possam se engajar em atividades culturais cujos aspectos cognitivos, estéticos e éticos sejam continuamente re-significados;
3. um cotidiano que integre uma postura de cuidado à educação, traduzindo em ações os Direitos da Criança;
4. uma atmosfera de tolerância, respeito e curiosidade para com as culturas locais, as famílias, suas comunidades e seus modos próprios de viver.
Nessa organização participam as crianças e os educadores, pois é pelo relacionamento desses atores que o espaço ganha cores e sons, cheiros e sabores, objetos e memórias.

Orientações para a organização dos espaços
A Infância, quando vivenciada nos ambientes da Educação Infantil, reflete um tempo de experiências educativas seguras, afetivas e estimulantes, promotoras de mudanças e ampliação de suas capacidades de fazer, sentir, pensar e usar diferentes linguagens. A criança guarda em sua memória essas experiências como parte de sua história. Sua aprendizagem acontece pela mediação dos elementos encontrados no ambiente em que ela está incluída, particularmente pela ação mediadora daqueles que com ela se relacionam, sejam eles adultos ou crianças.
O espaço precisa ser cuidadosamente preparado de modo a contemplar:
 
a. a segurança e o acolhimento da criança;
b.a superação de obstáculos (locais perigosos) e a promoção de desafios para a sua exploração;
c. a gama de interesses e conhecimentos dos bebês e das crianças maiores;
d. a presença das produções infantis e todas as demais marcas da infância nas mais diversas formas de expressão na composição estética do ambiente;
e. a multifuncionalidade dos espaços e a acessibilidade de materiais para as crianças nas diferentes idades;
f. a diversidade das propostas para a qual ele pode ser ambientado: momentos coletivos, em grupo ou individuais;
g. a ocorrência de interações sociais prolongadas e criativas e espaços para cada criança ter privacidade;
h. a presença de objetos que permitam à criança ter contato com elementos de outras culturas e o convívio com uma diversidade maior de valores estéticos;
i. a visibilidade do espaço exterior;
j. o contato com o meio externo e os elementos da natureza necessários à saúde e à qualidade de vida.
Orientações para a organização de materiais
Objetos e materiais existentes no ambiente servem de recurso para a criança explorar, interagir. O tipo, o número e a variedade
dos objetos – brinquedos diversificados e em número suficiente, livros, vestimentas - a forma com que eles e os materiais se dispõem no ambiente pode auxiliar ou dificultar a autonomia da criança na realização de seus projetos, ações, idéias e invenções. Um livro em uma estante inacessível é invisível para a criança pequena. Objetos de difícil manuseio escapam de sua exploração e investigação. Mesas, cadeiras, pratos e talheres inadequados desestimulam a boa alimentação. Assim, até mesmo a escolha e a organização dos materiais são objetos de planejamento.

O planejamento do trabalho das crianças com diferentes linguagens deve atender aos seguintes critérios em relação aos materiais:
a. disponibilidade dos materiais necessários à expressão nas diferentes linguagens: objetos produtores de sons, materiais para desenhar, pintar, moldar, colar;
b. acessibilidade e segurança dos materiais necessários ao movimento em suas diversas possibilidades: rolar, arrastar, puxar, empurrar, subir, chutar, equilibrar, acalentar, saltitar, abaixar, utilizar força, curvar, andar na ponta dos pés;
c. equilíbrio entre oferta de brinquedos convencionais – tanto para o faz-de-conta como para os jogos de mesa – e de materiais menos estruturados;
d. acessibilidade da criança aos CDs de música, aos livros e outros portadores de escrita, bem como a outros bens culturais.

Você conhece os Indicadores de Qualidade na Educação Infantil?



Este documento publicado pelo MEC traz indicadores que nos ajudam a avaliar a qualidade da Educação Infantil das unidades de ensino de todo país. São pontuações pertinentes sobre diversos aspectos relacionados ao atendimento à Educação Infantil no que diz respeito a organização da instituição, da proposta pedagógica e da prática do professor.
Veja que muita coisa é possível a partir da ação do professor. Por isso não espere apenas da equipe gestora, organize a sua sala para garantir a qualidade para os seus pequenos. 

5 Indicadores da Qualidade na Educação Infantil DIMENSÃO ESPAÇOS, MATERIAIS E MOBILIÁRIOS

Os ambientes físicos da instituição de educação infantil devem refletir uma concepção de educação e cuidado respeitosa das necessidades de desenvolvimento das crianças, em todos seus aspectos: físico, afetivo, cognitivo, criativo. Espaços internos limpos, bem iluminados e arejados, com visão ampla do exterior, seguros e aconchegantes, revelam a importância conferida às múltiplas necessidades das crianças e dos adultos que com elas trabalham; espaços externos bem cuidados, com jardim e áreas para brincadeiras e jogos, indicam a atenção ao contato com a natureza e à necessidade das crianças de correr, pular, jogar bola, brincar com areia e água, entre outras atividades.
O mobiliário deve ser planejado para o tamanho de bebês e de crianças pequenas: é preciso que os adultos reflitam sobre a altura da visão das crianças, sobre sua capacidade de alcançar e usar os diversos materiais, arrumando os espaços de forma a incentivar a autonomia infantil. Os aspectos de segurança e higiene são muito importantes, mas a preocupação com eles não deve impedir as explorações e iniciativas infantis.
Os bebês e crianças pequenas precisam ter espaços adequados para se mover, brincar no chão, engatinhar, ensaiar os primeiros passos e explorar o ambiente. Brinquedos adequados à sua idade devem estar ao seu alcance sempre que estão acordados. Necessitam também contar com estímulos visuais de cores e formas variadas, renovados periodicamente.
Para propor atividades interessantes e diversificadas às crianças, as professoras precisam ter à disposição materiais, brinquedos e livros infantis em quantidade suficiente. É preciso atentar não só para a existência desses materiais na instituição, mas principalmente para o fato de eles estarem acessíveis às crianças e seu uso previsto nas atividades diárias. Além disso, a forma de apresentá-los às crianças, como são guardados e conservados, se podem ser substituídos quando danificados, são aspectos relevantes para demonstrar a qualidade do trabalho de cuidar e educar desenvolvido na instituição.
Os espaços devem também proporcionar o registro e a divulgação dos projetos educativos desenvolvidos e das produções infantis. Desenhos, fotos, objetos em três dimensões, materiais escritos e imagens de manifestações da expressão infantil estimulam as trocas e novas iniciativas, demonstram resultados do trabalho realizado e constituem um acervo precioso da instituição.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Organização de espaço e materiais para receber os pequenos.


Professora de Educação Infantil: é hora de pensar na organização dos espaços e materiais em sua sala para receber os pequenos. Eles vão chegar e precisam se surpreender com o novo espaço, e mais: precisam se encantar!!!
Então é hora de pensar em como organizá-lo.
Vamos pensar... o que mais as crianças gostam?
Os Brinquedos.
Organize os brinquedos de sua sala de maneira visível, ao alcance deles. Para isso utilize caixas de papelão coloridas ou caixotes de plástico, o mais importante é que os pequenos tenham acesso e possam eles mesmos escolherem qual o brinquedo querem pegar.
Vamos pensar também nos espaços da sala:
A porta de entrada.
Esta pode ganhar arranjos especiais com cortinas de TNT coloridas, tiras de papel, móbiles, túnel de papelão e tudo mais que puder chamar a atenção das crianças, um convite a entrar.
O painel, quadro da sala.
Este no início pode ter apenas a moldura. A partir do primeiro dia das crianças, pode-se colocar as fichas com os nomes dos coleguinhas, da professora, os desenhos feitos por eles ... Deve-se ter também o cuidado de fixá-los mais baixo, afinal as crianças são pequenas e o painel é para elas e não para a professora.
Móbiles.
Faça uso dos móbiles, eles colorem o ambiente e fascinam as crianças. Podem também ser fixados com elásticos ou barbantes na altura das crianças para que elas possam manuseá-los. 
O mobiliário. 
 As cadeiras e mesas podem ser arranjadas de diferentes maneiras. Evite deixá-las na mesma disposição, crie outras formas e deixe que as crianças escolham o lugar onde querem sentar.
Mesa do professor.
Em turmas de 0 a 03 anos ela é dispensável, afinal as crianças são puro movimento e precisam de espaço e atenção da professora a todo momento.
Nas turmas de 04 e 05 anos já é aceitável, mas somente para momentos rápido de registros da professora.  As crianças precisam de sua atenção, de sua intervenção e não de uma professora sentada enquanto eles brincam ou realizam as atividades.
Armário da professora.

As crianças adoram reconhecer seus pertences dentro do armário da professora não é mesmo? Mas para isso ele deve estar ORGANIZADO. Armário bagunçado não é um bom exemplo para os pequenos.
Cantos, cantos e
mais cantos.
As crianças adoram cantos. Estes podem ser embaixo das mesas, no canto da parede, do armário. Nestes pequenos espaços coloque os brinquedos temáticos, utilize objetos de largo alcance para incrementar a brincadeira.
A rotina.
 
Não se esqueça dela, ela é a sua aliada. A criança se sente segura sabendo o que vai acontecer. Você pode registrá-la no quadro, em cartaz, com gravuras, fotos, desenhos das crianças... Deixe-a em local visível.
Crachás.
 Eles são muito importante nos primeiros dias, valorizam a identidade. Mas faça-os em material resistente para evitar que logo no primeiro dia se acabem.

Mas para isso é preciso dedicação, planejamento e organização da professora, afinal algumas coisas devem ser preparadas antes das crianças chegarem.  

No próximo post, apresento texto teórico que fundamenta as ideias anteriores e nos ajudam a compreender a importância da organização dos espaços e materiais em turmas de crianças da Educação Infantil.

Beijocas!!!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O que os pais precisam saber sobre a adaptação dos pequenos.

Adaptação escolar

Como agir (e como não agir) no período de adaptação na escola, uma fase tão importante na vida do seu filho.

Educar
Foto: Getty Images
Foto: adaptação escolar
A participação dos pais nos eventos da escola faz parte do processo de adaptação do aluno
O primeiro dia na escola é sempre difícil. Não à toa, ganhou até um nome: adaptação. Adaptação dos filhos, que chegam a um ambiente novo, diferente e desconhecido. E adaptação dos pais, que também sofrem com a ansiedade e o medo da reação da criança. A adaptação escolar é exatamente esse tempo dado às crianças (e aos pais) para que se acostumem à nova rotina.

A partir de agora, o seu filho vai passar algumas horas por dia longe de você, na companhia de adultos e crianças que até ontem ele não conhecia. "É importante explicar a ele exatamente o que está acontecendo: que ele vai para a escola, que vai ter uma professora e amiguinhos novos", afirma Fernanda Flores, coordenadora pedagógica da Educação Infantil da Escola da Vila, em São Paulo.

Para pais e mães, esse é sempre um momento difícil, mesmo que a escolha da escola tenha sido algo muito pensado e ponderado. Muitas vezes, seu filho chora e diz que não quer ficar com a professora. Em outras, não demonstra insatisfação e sequer exige a presença dos pais nos primeiros dias. Como agir em cada um desses casos? Para começar, você deve saber que a adaptação é um momento de transição na vida dele. Por isso, é importante estar tranquilo em relação à escola e transmitir essa tranquilidade à criança. "Não existe escola perfeita. As escolas sempre vão tentar fazer o melhor, mas é preciso lembrar que elas são feitas por seres humanos", afirma a psicóloga e orientadora do Colégio Equipe Luciana Fevorini.
A seguir algumas respostas a dúvidas que podem surgir sobre a adaptação dos pequenos.
Qual é o papel da família na adaptação?
Para o pai e a mãe, a adaptação começa na escolha da escola. Feita a escolha, a família tem que conhecer os rituais da escola, frequentar as reuniões que antecedem o início das aulas e abrir um canal de comunicação com o professor. Além disso, os pais têm o papel de esclarecer, explicar por que ele está indo para a escola, deixar claro que ele vai ficar sozinho lá depois de alguns dias. Não crie falsas expectativas no seu filho. O melhor é dizer a verdade. Explique que você vai acompanhá-lo por um período, mas que, depois disso, você vai voltar ao trabalho e ele vai ficar só com a professora e com os coleguinhas.
Qual é o papel da escola na adaptação?
A escola é representada pela figura da professora, que tem um papel fundamental. Ela deve ser duplamente sensível, para entender os anseios dos adultos e das crianças. A professora deve acolher a criança, mostrar as instalações da escola, apresentar os coleguinhas. O ideal é que atenda individualmente cada aluno durante o período de adaptação. Os pais podem acompanhar tudo por meio dos relatos delas, que, nesse período inicial, devem estar mais atentas do que nunca ao comportamento e à alimentação das crianças.
Por quanto tempo o pai ou a mãe devem ficar na escola?
O tempo mínimo é de um ou dois dias. O tempo máximo varia de criança para criança, mas, em geral, uma semana ou dez dias são suficientes. Se após esse tempo o seu filho ainda não estiver adaptado e continuar exigindo a sua presença, o melhor é conversar com a coordenação da escola para saber como agir. Talvez seja o caso de pensar em outra estratégia de adaptação. Uma dica importante: nunca vá embora sem se despedir do seu filho. Ele pode se sentir traído e inseguro em relação à escola.

Como deve ser feita a adaptação de uma criança que vem de outra escola?
Uma mudança de escola é sempre um pouco mais difícil. Por isso, deve ser muito bem planejada pela família. Se possível, o ideal é que a criança conheça a escola e os professores ou o coordenador antes de as aulas começarem. Isso é importante para que ela tenha referências, saiba a quem recorrer caso tenha dúvidas ou problemas. Além disso, é fundamental que ela entenda por que essa mudança está ocorrendo. O melhor é ser transparente. Em casos de crianças mais velhas, os outros alunos da turma também devem ser preparados para a chegada do novo colega.
Como os pais pode participar e ajudar no período de adaptação?
Além de acompanhar os primeiros dias da criança na escola, é importante que a família se envolva, conheça as instalações da escola, os professores, os coordenadores e os pais dos outros alunos. Muitas escolas oferecem atividades de adaptação específicas para os pais (sim, para você também é um período de adaptação). Se for o caso da escola do seu filho, não perca. É uma excelente oportunidade de conhecer os outros pais, o que também facilita a integração das crianças. E, quando as aulas começarem, não bombardeie o seu filho com perguntas. É importante escutar o que ele tem a dizer e perguntar o que aprendeu, mas nunca pressione por respostas. Especialistas consultados nesta reportagem
- Luciana Fevorini, doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP)
- Fernanda Flores, coordenadora pedagógica da Educação Infantil da Escola da Vila, em São Paulo (SP)
- Alessandro Danesi, pediatra do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo (SP)
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/adaptacao-escola-529211.shtml

Vamos iniciar falando da adaptação dos pequenos.

A D A P T A Ç Ã O
"A adaptação pode ser entendida como o esforço que a criança realiza para ficar, e bem, no espaço coletivo, povoado de pessoas grandes e pequenas desconhecidas. Onde as relações, regras e limites são diferentes daqueles do espaço doméstico a que ela está acostumada. Há de fato um grande esforço por parte da criança que chega e que está conhecendo o ambiente da instituição, mas ao contrário do que o termo sugere não depende exclusivamente dela adaptar-se ou não à nova situação. Depende também da forma como é acolhida."
Cisele Ortiz

É hora de pensar em como receber os pequenos.
Para nos ajudar nesta tarefa, alguns princípios são importantes:

Princípios para planejar uma boa acolhida

  1. Manter a rotina que a criança pequena tem em casa, no caso de menores de 3 anos, quanto aos cuidados específicos. Manter os rituais para dormir, comer ou usar o banheiro.
  2. Para as maiores de 3, explicar como será o seu dia a dia e colocar a rotina visualmente num quadro, para que a criança aprenda a controlar os diferentes momentos.
  3. Objetos Transicionais ou objetos de apego – Algumas crianças usam objetos tais como paninhos, chupetas, brinquedos e ficam apegadas a elas. Estas coisas têm um significado especial para elas pois criam a ilusão de que a mãe ou a pessoa na qual investem afeto estão próximas, lhes proporciona maior conforto emocional e segurança.
  4. Valorizar a identidade da criança, e escolher junto com ela seu escaninho, seu cabideiro, colocando seu nome e garantindo que aquele lugar ficará disponível para ela todos os dias para que possam guardar suas coisas.
  5. Não ficar ansiosa para que a criança ajuste sua rotina a do grupo muito rapidamente Deixar que a criança mantenha seu jeito de ser, seus rituais e sua rotina individualizada, para aos poucos se ajustar ao grupo, proporciona suavidade ao processo sem rupturas bruscas e maior controle do adulto sobre o processo.
  6. Conversar a criança sobre seus sentimentos, sobre a rotina, contar o que vai acontecer com ela, ajudar a criança a expressar seus sentimentos e valorizá-la enquanto pessoa e promover sua auto- confiança para lidar com esta situação.
  7. A inserção das crianças deve ser feita progressivamente, duas crianças por subgrupo, por semana, sendo que cada criança inicia em um período do dia (manhã/tarde), o que dá às educadoras maior disponibilidade no atendimento a cada criança e seu acompanhante.
  8. Normalmente uma semana é necessário para que algum familiar permaneça junto à criança na creche, sendo seu tempo de permanência, gradualmente reduzido, à medida em que aumenta o tempo de permanência da criança na escola, até este ficar mais tranqüilamente período integral, se for o caso.
  9. A professora deve procurar manter uma rotina estável sem muitas variações para que a criança vá dominando cada vez a rotina. As crianças aprendem a se localizar no tempo, no espaço e com as atividades quando a rotina é mantida, além de construir vínculos e se organizar para a aprendizagem.
  10. Organizar cantos de atividades diversificadas com aquelas que ele sabe que dão mais ibope para aquela faixa etária específica, auxilia o professor a despertar o interesse da criança pela brincadeira e a se interessar pela escola. Vale também saber quais as brincadeiras e brinquedos preferidos da criança para introduzi-los neste momento. Os cantos de atividades podem também favorecer que as outras crianças fiquem mais livres e brincando entre si, enquanto o professor pode dispensar uma atenção especial para a criança nova.
  11. Considerar o parque como um espaço de atividade e planejar também intervenções também para este momento. No verão brincadeiras na areia e na água, bolhas de sabão, lavar roupas de bonecas, lavar o quintal, regar plantas, e fazer estas coisas com todo o grupo vai mostrando para as crianças que o ambiente doméstico e o escolar possuem diferenças e semelhanças. No inverno os jogos motores, as cirandas, os circuitos e obstáculos, garantem que a criança possa brincar fora e estar aquecida.
  12. Propor atividades culinárias simples: fazer gelatina, pipoca, suco, docinho de leite em pó, salada de frutas para o lanche ou sobremesa, favorece que a criança perceba a continuidade temporal.
  13. Propor leitura de histórias como metáforas dos momentos que a criança vive. Pode-se conversar sobre as histórias falando dos medos básicos de todas as crianças assim é possível que a criança também se exponha e consiga lidar melhor com seus sentimentos.
"O acolhimento traz em si a dimensão do cotidiano, acolhimento todo dia na entrada, acolhimento após uma temporada sem vir à escola, acolhimento quando algum imprevisto acontece e a criança sai mais tarde, quando as outras já saíram, acolhimento após um período de doença, acolhimento por que é bom ser bem recebida e sentir-se importante para alguém.
Quando somos acolhidos, bem recebidos, em qualquer lugar, em geral nossa reação é de simpatia e abertura, esperando o melhor daquele ambiente daquelas pessoas. Quando ao contrário somos recebidos friamente, nossa tendência é também ignorar, não se envolver, passar desapercebidos. E o que acontece quando somos mal recebidos? A gente jura não voltar mais àquele lugar!"
"Por que com a criança e sua família deveria ser diferente?"
"Se considerarmos que cuidar é considerar e atender as necessidades infantis, ouvir e observar as crianças, seguir ao princípio de promoção de saúde, tanto ambiental como física e mental, interessar-se pela criança, pelo que ela pensa, sente, sabe sobre as coisas, sobre os outros e sobre si mesma, adotar atitudes e procedimentos adequados e fundamentados em conhecimentos construídos sobre as diferentes faixas etárias e realidades sócias culturais, o processo de acolhimento é um dos primeiros a ser objeto de cuidado em relação à criança."
"Para a criança entrar na creche, pré-escola e mesmo na escola significa um processo ativo de construção de novos conhecimentos e de vínculos. Quando a criança chega na instituição ela já tem expectativas sobre o comportamento dos adultos, das outras crianças e até mesmo da forma de se relacionar com os objetos e brinquedos, pois ela já construiu referências a partir de suas vivências e experiências, mesmo que seja uma criança bem pequenina, um bebê. "
"Ela precisa de um tempo para que conscientemente fique claro para ela as diferenças entre sua casa e a escola, assim como para que ela transfira seus sentimentos básicos de confiança e segurança para alguém. Este tempo é bastante individualizado, algumas crianças passam por este momento de forma mais rápida, outros mais lenta, não podemos estabelecer isto a priori."
"As crianças lidam fundamentalmente com a ansiedade da separação: a escola tem um papel fundamental ao estabelecer o corte na relação mãe-filho, e isto pode ser bastante positivo para ambos, no entanto pode gerar insegurança e fantasias de abandono e a escola e o professor são o porto seguro da criança nesta situação, garantindo-lhe o tempo todo através de sua atenção e de atividades adequadas o quanto elas não serão esquecidas." 5
"Algumas crianças demonstram maior confiança e passam a freqüentar a escola como se naturalmente já fizessem parte daquele ambiente; talvez sejam crianças melhor preparadas emocionalmente, que já tenham vivenciado experiências positivas de separação, ou que esperam este momento ansiosamente, porque têm outros irmãos que já freqüentam a escola."
"Mas, a maior parte das crianças podem reagir fortemente à separação e há diferentes maneiras das crianças reagirem a este processo: podem chorar ou ao contrário ficarem muito caladas, podem agredir a outras, podem adoecer, podem recusar-se a comer, a dormir, a brincar, é preciso acolher estas manifestações e conhecer a forma de cada um considerando como natural dentro deste processo e não rotulando a criança a partir disto. Algumas crianças têm rituais específicos para dormir, comer ou usar o banheiro, outras usam objetos tais como paninhos, chupetas, brinquedos e ficam apegadas a elas. Estas coisas têm um significado especial para elas pois criam a ilusão de que a mãe ou a pessoa na qual investem afeto estão próximas, lhes proporciona maior conforto emocional e segurança. Deixar que a criança mantenha seu jeito de ser, seus rituais e sua rotina individualizada, para aos poucos se ajustarem ao grupo, proporciona suavidade ao processo sem rupturas bruscas e maior controle do adulto sobre o processo.
Conversar a criança sobre seus sentimentos, sobre a rotina, contar o que vai acontecer com ela, ajudar a criança a expressar seus sentimentos e valorizá-la enquanto pessoa e promover sua auto- confiança para lidar com esta situação" 
Alguns indicadores de sofrimento
Outros sinais e indícios, além do choro, são reveladores do modo de estar na escola: dificuldade de vir para a escola; dificuldade de separar-se da mãe ou de quem traz a criança para a escola; rejeitar ser cuidado por outra pessoa; rejeitar alimentação; recusar-se a dormir; evitar usar o banheiro; recusar participar das atividades propostas; recusar separar-se de seus objetos de apego, tais como chupetas e paninhos; ficar apático ou ao contrário muito agitado; bater e agredir outras crianças sem motivo aparente; ficar doente seguidamente ou desenvolver doenças crônicas ligadas ao intestino, ou, ao aparelho respiratório; machucar-se continuamente, entre inúmeros outros que são característicos de cada criança e de sua história de vida.
...

Texto adaptado apartir do artigo Entre adaptar-se e ser acolhido in Revista Avisa Lá, nº 2 Cisele Ortiz (www.avisala.org.br)
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