Início de ano escolar, turma nova, professora nova, tudo novo. É preciso se conhecer, compartilhar informações sobre cada um e aí precisamos de um objeto fundamental; a agenda. É ela que irá conter, a princípio, as informações básicas de cada criança. Também é importantíssima na comunicação entre a família e a escola. Mas será que é só isso? O que mais podemos fazer com este instrumento? Será que o uso deste instrumento é compreendido por professores e família?
Abaixo, mais um post interessante sobre a agenda escolar.
Agenda Escolar, pra que mesmo?
Por Maria Cristina Santos
A educação infantil exercida por creches e pré-escolas é considerada um direito de toda criança de 0 a 6 anos, garantir esse direito implica considerar a família como base afetiva e de referencia primária à sua individualidade e socialização.
Para que a criança se beneficie dos dois contextos (familiar e institucional), é necessário que se estabeleça uma parceria entre ambos, principalmente quando se trata dos menores que não tem sua oralidade desenvolvida.
Segundo Maranhão e Silva “o cuidado e a educação de crianças menores de seis anos requerem comunicação diária entre educadores da infância e a família, para que seja possível identificar necessidades, saber como atendê-las, combinar determinados cuidados e a forma de oferecê-los.”
É consenso entre os educadores que a agenda escolar é um canal de comunicação.
Mas como isso se dá na prática?
A partir de algumas inquietações passei a pesquisar na instituição na qual atuo.
- Recados institucionais;
- Ocorrências (acidentes, mordidas);
- Solicitação de parceria em atividades ocasionais;
- Recados carinhosos;
- Comunicado de extravios de roupa ou objetos pessoais;
- Solicitando roupas adequadas segundo o clima;
- Raramente um agradecimento;
- Pouca comunicação para falar da criança e seu desenvolvimento.
O que os pais escrevem para o professor?
- Extravio de pertences pessoais;
- Poucos questionamentos sobre a rotina da criança;
- Agradecimento;
- Comunicado sobre a saúde da criança;
- Esclarecendo sobre a ausência da criança;
- Raramente questionam sobre o bem estar da criança ou seu desenvolvimento.
Questionei os professores o que eles consideram importante informar as famílias para estabelecer uma parceria:
- O que está acontecendo na sala de convivência e a importância destas atividades no desenvolvimento da criança;
- Sobre a saúde da criança, levando em consideração o conceito de saúde segundo a OMS, a qual define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades”;
- Sobre a rotina da instituição;
- Os avanços da criança, seja na oralidade, nas questões referentes a autonomia e autocuidado ou em outros campos do conhecimento;
- Estabelecer combinados entre família e educadores.
Novamente questionei os professores sobre o que eles acreditam ser necessário saber da família para identificar as necessidades da criança e assim qualificar o atendimento da mesma:
- Questões relativas à saúde da criança;
- Problemas que possam afetar o comportamento da criança;
- Observações sobre o desenvolvimento da criança em casa;
Como podemos observar existe um descompasso entre a função da agenda e como a mesma é utilizada de fato.
Novas inquietações surgiram.
Questionei os professores sobre quais entraves para que a agenda seja de fato um instrumento de comunicação com a família?
- Falta de tempo;
- Um professor não sabe o que aconteceu com a criança no turno do outro professor;
- Número grande de agendas para escrever diariamente;
- Muitas famílias não enviam agenda;
- Envolver as crianças de forma que elas retirem as agendas das bolsas pela manhã e guardem a tarde e percebam que seus professores estão fazendo uso das mesmas para estabelecer um canal de comunicação com as famílias;
- Utilizar o caderno de intercorrência na comunicação entre os dois professores do agrupamento;
- Os professores do agrupamento devem estabelecer combinados sobre o que e como escrever na agenda, sendo que em alguns casos os mesmo deverão primeiro conversar para depois responder a família;
- Professores da manhã ao receberem as agendas e verificar se existe recado direcionado a ele ou algum problema com a criança;
- Professor da tarde escreve nas agendas na hora do sono;
- A agenda canal de comunicação oficial, visto que faz parte da lista de material individual enviado pela secretária de educação.
A escrita deve ser profissional, algumas dicas:
- Seja cordial;
- A comunicação deve ser clara e objetiva;
- Lembrar que antes de ser pai ou mãe existe uma pessoa com identidade própria, escrever o nome do pai, mãe ou responsável pela criança torna a comunicação mais pessoal;
- A comunicação se dá entre dois adultos, por isso não é interessante infantilizar com palavras no diminutivo, termos chulos.
- Ao pensarmos procuramos estabelecer uma comunicação com um leigo, evite termos técnicos ou o chamado “pedagogês”.
Para saber mais
Maranhão, Damaris Gomes e Siva, Conceição Vieira_ A interação da creche e da pré-escola com a familia – Revista Pátio Educação Infantil – ano IX Janeiro/março de 2011
Santos, Lana E. Creche e pré- escola: Uma abordagem de saúde. São Paulo: Artmed, 2004
Goldeschied, E.; Jackson, S. Educação 0 a 3 anos: atendimento em creche. Porto Alegre: Artmed, 2006.
Postado por Maria Cristina no blog http://paraalmdocuidar-educaoinfantil.blogspot.com/2011/06/agenda-escolar-pra-que-mesmo.html
Revisão do texto: Quitéria Campanaro
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