Para aqueles que se interessam pela Educação Infantil e pelo trabalho com crianças de inclusão em Salas de Recursos e escolas regulares de ensino. Um espaço para socialização de práticas de qualidade e ampliação de saberes.
domingo, 21 de maio de 2017
A Prática Pedagógica no Berçário
"As pequenas atividades quotidianas
tornam-se hábitos sobre os quais
a criança fundamenta a sua autonomia"
Tonucci
Maria Carmen Silveira Barbosa
A professora Drª.Maria Carmen Silveira Barbosa é docente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS e coordenadora geral do Projeto de Cooperação MEC/UFRGS em andamento.
tornam-se hábitos sobre os quais
a criança fundamenta a sua autonomia"
Tonucci
Maria Carmen Silveira Barbosa
As creches durante muitos anos foram
espaços prioritariamente de cuidados, de acolhimento e de guarda de crianças
pequenas para aquelas mães que precisavam trabalhar. Nas últimas décadas, este
papel foi sendo revisado tendo
em consideração o direito das crianças de terem um espaço coletivo de educação.
Para muitos bebês estar na creche é uma oportunidade de viver com adultos e
crianças, isto é com um grupo e com ele estar em um ambiente social de
aceitação, de confiança, de contato corporal pensado na medida dos seus desejos
e necessidades. É uma possibilidade de adquirir novas experiências cognitivas e
relacionais. Pode-se afirmar que uma das experiências mais ricas e
interessantes da vida humana é o convívio, a amizade, enfim, a busca da vida em
comunidade. A creche é o primeiro ambiente de educação coletiva de um ser
humano.
Estar no berçário
O berçário tem um caráter
complementar à educação das famílias, portanto para realizar um bom trabalho, é
essencial que os educadores/professores abram espaços para a comunicação entre
escola e famílias. Para atender
a complexidade do trabalho com as
crianças pequenas também é
necessária a qualificação dos professores. O importante é que as crianças vivam
a vida dentro de uma cultura. A escola infantil é um lugar onde as crianças
aprendem as regras de convívio social, a integrar-se com outras crianças, a
trabalhar em grupos e a dividir a professora, os brinquedos e os materiais, a
cuidar das suas coisas (organizar, emprestar e guardar). Os conteúdos versam
sobre os conhecimentos significativos para cada grupo social de acordo com: as
características do universo que os circunda, com a faixa etária das crianças,
as suas experiências anteriores e seus interesses e necessidades futuras. E as
formas de trabalhar devem priorizar as aprendizagens através de meios
criativos, participativos, dialógicos e dinâmicos.
Alguns eixos do trabalho pedagógico
Para discutir a educação das crianças
pequenas, podemos seguir diferentes trilhas, pois muitas são as questões
relacionadas aos projetos educacionais para crianças bem pequenas. Porém neste
texto vamos enfatizar a
importância das relações interpessoais, a
linguagem e a brincadeira com
os bebês. Pois acreditamos que é
principalmente em torno a estes
eixos que se produz o início de uma proposta educativa no berçário.
As relações
interpessoais são para as crianças pequenas fontes fundamentais para a sua
existência tanto física como mental. É impossível para um bebê sobreviver sem o
afeto, o gesto, o olhar de um adulto disponível para cuidá-lo. Afinal a nossa
condição humana surge no modo como nos relacionamos uns com os outros e com o
mundo. Ao entrarmos em contato com outros seres humanos, passamos de um modo de
viver fundamentalmente biológico, para o acolhimento em uma cultura, traduzidas
em uma língua, em gestos, toques. As relações estabelecidas através dos
diálogos – corporais e orais - fazem parte do processo que nos torna seres
humanos ou sujeitos com vontade, com capacidade de raciocínio e imaginação.
O olhar
As crianças pequenas
relacionam-se intensamente através do olhar. É preciso olhar para as crianças,
sustentar o seu olhar, acompanhar os diferentes olhares e ao mesmo tempo
mostrar para estas crianças as coisas bonitas do mundo. Muitas vezes
acompanhando o olhar é
preciso que dê uma palavra ou
faça uma expressão. O espaço onde
as crianças vivem parte do seu
dia merece ser um ambiente físico e
social bonito e aconchegante,
com variadas experiências visuais, mas não um ambiente sobrecarregado de
imagens, objetos, pinturas...
O abraço
O abraço é a melhor forma de
demonstrar a aceitação corporal do
outro. As crianças pequenas
precisam ser abraçadas várias vezes por dia. Com afirma Mario Terena, para os
indígenas brasileiros um dos aspectos mais importantes na educação das crianças
pequenas é
encostar o coração da criança
no coração do adulto, isto é, o abraço.
”Não adianta presentes
materiais, as crianças precisam sentir o
coração”. O contato corporal
cria a confiança, pois ele dá a entender que se está em um espaço de
mútua aceitação.
O Ritmo Corporal
Desde o útero, a criança
pequena concilia o seu ritmo corporal com o da sua mãe: o ritmo da respiração,
dos batimentos cardíacos, os
movimentos, as vibrações da voz.
Os sons de voz humana, dar
alimentos, acariciar, mexer,
falar, aconchegar, cantar músicas todas
estas atividades trabalham com
diferentes ritmos corporais. É preciso reaprender e cantar as cantigas de
ninar, as rimas, as conversas secretas ao pé do ouvido e desde pequeninos,
contar histórias para as crianças.
O Balanço Corporal
As crianças criam balanços de
diferentes formas. Balançam no colo, no pé, se jogam para frente e para trás,
fazem jogos audazes e jogos suaves e precisam que o adulto lhes acolha com o
corpo e lhes dê segurança. As crianças pequenas que se movem com liberdade, sem
restrições, são as mais prudentes, já que aprendem a melhor maneira de cair. O
bebê muito protegido ou com pouca experiência não conhece seus limites e
capacidades. Um certo grau de risco é necessário para sobreviver e crescer. A
criança é competente por ela mesma, curiosa, ativa e geralmente será rica em
iniciativas e interesses pelo seu entorno. A luta do bebê para expressar-se e
descobrir os seus limites vai durar muito tempo. Ele precisa aprender a lidar
com estes conflitos para crescer seguro e forte. É preciso apoiar, não
interferir. Conhecer a individualidade dos bebês, pois cada um tem seu jeito de
relacionar-se com o mundo.Os adultos necessitam aprender a controlar suas
ansiedades frente às tentativas e frustrações dos bebês. Não acelerar o
desenvolvimento, seguir o ritmo das aquisições motoras possibilitando desafios
e movimentos livres e jogos independentes.
O Movimento
Os bebês constroem os seus
territórios e suas identidades a partir
dos seus movimentos como o
deslizar, engatinhar, sentar, ficar em
pé, caminhar. Estes modos de se
movimentar faz com que as
crianças consigam ver o mundo a
partir de diferentes posições. É
preciso deixá-las se
movimentar, criar espaços seguros mas com
obstáculos/riscos para que elas
possam constantemente andar, pular, rastejar, cantar e dançar. Viver tocando e
sendo tocado.
A criança pequena tem uma
imensa necessidade de fazer movimentos e é preciso que a creche ofereça uma
série de atividades que auxiliem a capacitar as crianças em seus movimentos.
Como as crianças de 0 a 3 anos estão com sua estrutura óssea incompleta seus
músculos precisam de um maior exercício diário para manter as partes móveis em
movimento e as partes estáticas em equilíbrio. No início desta faixa etária o
movimento e a cognição estão muito próximos.
O Brincar e o Jogar
Brincar é uma atividade vivida
sem propósitos e que realizamos de
maneira espontânea atendendo ao
nosso desejo, ao nosso emocionar, e isto acontece tanto na infância como na
vida adulta. Os jogos e brincadeiras envolvem aspectos naturais, culturais e
sociais, também motores, afetivos e cognitivos. A brincadeira surge a partir
das relações interpessoais e dos elementos existentes nos ambientes. A criança
entra progressivamente na brincadeira do adulto, de quem ela é inicialmente o
brinquedo, o espectador ativo e, depois, o real parceiro. Aos poucos ela é
introduzida no espaço e no tempo particulares do jogo. A brincadeira surge com
um convite como: Faz de Conta que eu sou.... Ou então com a expressão: Agora eu
era o herói... e o estabelecimento de algum tipo de regra que dura, no mínimo,
ao longo de toda a brincadeira.
Nas brincadeiras estão
associadas ações e ficções. As brincadeiras
agem em direção a socialização
das crianças, e o brinquedo é um
estímulo para a brincadeira. Os
brinquedos e os espaços organizados para a brincadeira orientam o tipo de jogo
que pode vir a ser construído: o tipo de canto, a disposição lógica dos móveis,
a
diversificação dos papéis
sugeridos, os materiais, possibilitam a
realização de atividades
estereotipadas ou ricas em invenção ou
diversidade. É importante para
as crianças de 0 a 3 anos estarem num ambiente aconchegante, tranqüilo e pleno
de materiais que agucem a sua curiosidade e ação.(mas não hiperestimulante).
Nesta faixa etária as crianças gostam de brinquedos como móbiles-coloridos,
brilhantes, e que façam barulho- chocalhos, brinquedos para empilhar, martelar,
puxar e empurrar, com guizos ou outros estímulos sonoros, objetos flutuantes,
fios com contas, trapézios para o berço, brinquedos desmontáveis, copos ou
caixas que encaixam umas nas outras, blocos e argolas para empilhar, livros de
papel, pano, plástico com rimas, com ilustrações, brinquedos musicais, carrinhos,
objetos para caixa de areia, blocos de tamanho diferentes, bolas de diversos
tamanhos, utensílios de higiene de brinquedo, espelho, bonecas e bonecos,
fantasias, fantoches, bonecos de pelúcia, quebra-cabeças simples, bonecos de
dar corda puxando um fio, bonecos que se movimentam quando se puxa um fio,
carretel com linha grossa e muitos outros... não muito pequenos e bem
coloridos.
Línguagem
Um dos grandes feitos entre os
0 e os 3 anos é o da aquisição da
linguagem oral. Para que esta
ocorra é preciso que os educadores
acompanhem e intercedam no
sentido de criar um ambiente cheio de conversas, de pseudodiálogos.
Inicialmente o educador fala sozinho, relata o que está ocorrendo na sala,
coloca em palavras os
sentimentos e as ações do
grupo. É preciso muita conversa com os
bebês. Não apenas dar ordens,
proibições, respostas impessoais, mas conversas com conteúdo, com vocabulário
rico, com informações, explicações, opiniões, felicitações. Conversar e não
apenas falar mecanicamente. Escutar, falar, ouvir a resposta, responder.
Explicar os fatos que afetam a vida das crianças e a vida do grupo. As crianças
se comunicam desde cedo através da linguagem corporal (gestos, sorriso, toques,
choro, tossir, engasgos, espirros, gritos) desde a mais tenra idade, mas o
desenvolvimento da linguagem propriamente dita aparece mais tarde. Ao observar
um grupo de crianças podemos verificar que de um estágio inicial onde não
utilizam palavras passam para o uso de sons, silabações, palavras, frase e
finalmente a combinação de três ou mais palavras construindo frases. E desde
sempre cantam...
Enfim
O papel do educador do berçário
é o de receber e conviver com
crianças bem pequenas
auxiliando-as a construir a si e ao seu dia a
dia. É também sua função
transmitir aquilo que conhece, isto é, as
tradições culturais do seu
grupo de pertinência e, ao mesmo tempo,
abrir um novo mundo onde elas
possam criar/produzir novas
experiências, novos
conhecimentos. Para isto o educador precisa dar-se conta que a educação dos
bebês acontece o tempo todo, nas atividades recorrentes do dia a dia. Educar os
bebês é colocar-se junto às crianças para fazer a vida acontecer. De modo
criativo, agradável, alegre ou silencioso, calmo. Enriquecer a vida através dos
seus detalhes: sentimentos, sensações, pequenos momentos que muitas vezes nos
passam despercebidas. Ao professor cabe planejar, observar, registrar as
atividades realizadas e acompanhar o como as crianças investigam o mundo, suas
curiosidades, assombros, risos. Trabalhar com bebês exige uma sólida formação
nas múltiplas linguagens das crianças pequenas. E como vimos com os eixos
anunciados no início, eles não se sustentam sozinhos. Misturam-se, pois educar
os bebês só pode ser feito numa perspectiva de mundo onde o conhecimento não é
disciplinar.
A professora Drª.Maria Carmen Silveira Barbosa é docente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS e coordenadora geral do Projeto de Cooperação MEC/UFRGS em andamento.
Planejar para aprender. Aprender para planejar.
Também
aprendemos que o planejamento favorece a reflexão sobre a prática educativa
Parte 2
A
primeira questão que podemos aprender com ela é que o planejamento precisa
fazer sentido para o professor, pois ele é um instrumento que visa ajudar e
facilitar a sua prática. Ao planejar, antecipamos uma série de acontecimentos
que podem ocorrer na ação e nos preparamos para lidar com eles, diminuindo
assim a quantidade de imprevistos e tornando as nossas ações mais precisas e de
melhor qualidade.
Também
aprendemos que o planejamento favorece a reflexão sobre a prática educativa e,
dessa forma, funciona também como um instrumento de aprendizagem. Quando
planejamos, tomamos uma série de decisões e fazemos uma série de relações entre
conhecimentos teóricos/científicos e conhecimentos práticos de nossa
experiência pessoal e profissional. Vejamos alguns exemplos:
A frase
inicial do item 1 deve ser mantida pois ela explicita bem a idéia que a autora
quer marcar.
1. A partir
do plano curricular da instituição, que ajuda o professor a guiar sua prática
com as crianças, ele escolhe, durante o planejamento, quais as melhores
estratégias para colocar em ação cada um dos conteúdos que pretende ensinar.
2. Ao
realizar o exercício de pensar sobre as estratégias e os conteúdos de ensino, o
professor precisa pensar sobre quem é a criança com a qual trabalha, quais são
as suas necessidades, seus interesses, suas motivações.
A partir
desta reflexão terá maior clareza em seu planejamento para decidir o
encaminhamento da atividade.
3. Ao
considerar como irá conduzir uma atividade e quais os conhecimentos que
pretende ensinar, exercício propiciado pelo planejamento, o professor também
tem que compreender como se ensinam os diferentes conteúdos.
Para cada
um deles, ou para cada bloco deles, há estratégias que se adequam melhor. Com
isto, aprende mais sobre como ensinar, pois pode generalizar o que aprende com
a atividade planejada para outras situações que vivencia diariamente na
instituição. Por fim, podemos também aprender com o exemplo desta educadora
sobre como analisamos e como aprendemos com o planejamento. Quando o professor
escolhe uma atividade para realizar com as crianças tem que ter clareza de suas
intenções com ela para que possa adequar suas ações e alcançar os objetivos
propostos. Sendo assim, ao conceber um planejamento é importante destacar:
1. O que
eu quero com esta atividade.
2. O que
eu quero que as crianças aprendam com esta atividade.
3. O que
eu preciso ensinar para que as crianças aprendam.
4. Como
eu devo desenvolver a atividade (incluindo antecipar ações e falas, os
materiais que pretendo utilizar e a organização do espaço), para que as
crianças construam os saberes propostos.
Todos os
itens que fazem parte do planejamento devem ter coerência entre si. Ou seja,
depois de planejar, posso voltar ao que escrevi e questionar: Com isto que
direi às crianças estou ajudando elas a aprenderem aquilo que espero? Tomando o
exemplo da educadora acima, se quero que as crianças formulem boas questões
para iniciar uma pesquisa, será que a melhor alternativa é começar pelas
perguntas?
Com
tantas possibilidades de reflexão, de construção de conhecimento sobre a
prática, não há como negar a importância do planejamento na atuação do professor
de Educação Infantil. Não é mesmo?
Fonte: Pesquisa na Net
Fonte: Pesquisa na Net
Planejar para aprender. Aprender para planejar. Parte 1
A autora Beatriz Ferraz fala sobre Planejamentos.
Parte 1
Frente ao
desafio de escrever um artigo sobre o planejamento na Educação Infantil, me vi
inquieta buscando uma forma de introduzir este tema de maneira agradável e com
a devida valorização que merece. Poderia iniciar escrevendo sobre a importância
do planejamento na ação do educador, mas achei que não seria uma boa
alternativa já que esta
é uma afirmação tão conhecida.
Por onde
começar? Começo, então, por um registro de uma educadora que relata a
contribuição que a prática de planejar trouxe para a sua ação educativa junto
às crianças.
“Trabalho
com uma turma de crianças de 4 anos e pretendia realizar com elas um estudo
sobre peixes. O exercício de planejar a atividade que despertaria nas crianças
o interesse pelo tema foi de fundamental importância para que eu pudesse rever
tudo o que estava imaginando fazer. A primeira atividade representaria o grande
disparador para o trabalho que faríamos.
Senti uma
profunda necessidade de pensar como o projeto deveria ser realizado. Então
sentei e escrevi um planejamento:
Nome da
atividade:
Quais os
peixes que queremos estudar.
Contexto
da atividade:
Conversa
para iniciar um estudo com as crianças sobre alguns peixes.
Objetivo
da atividade (o que quero que as crianças aprendam):
-
Escolher os peixes que gostariam de estudar;
-
Levantar algumas perguntas que gostariam de ver respondidas sobre os peixes
escolhidos;
- Indicar
alguns materiais que poderíamos usar para buscar informações.
Conteúdo
da atividade (o que preciso ensinar):
-
Elaboração de perguntas;
- Fontes
de informação;
- Nome de
alguns peixes.
Encaminhamento
da atividade (como desenvolver a atividade com as crianças):
Levar
para a roda alguns livros com imagens de peixes.
Perguntar
às crianças quais peixes conhecem e, desses, quais gostariam de estudar. Listar
em uma folha os peixes sugeridos pelas crianças e, se for o caso, fazer uma
votação para escolhermos alguns.
Perguntar
a elas o que gostariam de saber sobre estes animais. E, por fim, perguntar às
crianças onde poderíamos encontrar informações para responder as perguntas. Estava
muito satisfeita com o meu planejamento! A minha surpresa foi quando iniciamos
o projeto e as coisas não saíram como o esperado!
Quando
mostrei os livros para elas e perguntei quais peixes elas queriam estudar,
apontavam aleatoriamente as imagens de peixes dos livros. Sendo assim, iam
virando as páginas e dizendo que queriam saber sobre todos eles! Além disso,
quando perguntei o que queriam saber, me disseram coisas como “Quantos olhos
eles têm? Ele tem boca?...”. E ainda para finalizar, quando perguntei sobre
onde encontro as informações, me disseram que poderia ser nestes livros mesmo
que eu havia levado. Fiquei super frustrada!
Senti que
as crianças não se envolveram, que não se comprometeram com a minha proposta e
que estavam respondendo às minhas perguntas sem muita consideração, esperando
que aquela atividade acabasse logo e que pudessem ir brincar.
Depois de
muito lamentar, tomei uma decisão: voltar ao meu planejamento e pensar o que
tinha de errado para produzir tal desastre!
Foi
justamente nesta retomada que me dei conta de algumas coisas:
1. Se
pretendia fazer uma atividade que despertasse o interesse, era importante que o
foco dela estivesse em uma motivação. Sendo assim, não poderia ter como
objetivo que as crianças aceitassem prontamente a minha proposta e a partir daí
respondessem a todas as minhas solicitações. Pude perceber que no planejamento
não estava considerando as características do pensamento infantil e, portanto,
não havia conseguido fazer uma boa condução da atividade de modo que ficassem
interessadas na minha proposta.
2. Também
pude me dar conta de que para que as crianças pudessem formular boas perguntas
que justificassem uma busca de informações em diferentes fontes era importante
que elas pudessem primeiro saber algo sobre os peixes e a partir deste
conhecimento poderiam levantar suposições ou mesmo comparações entre as
informações que tinham gerado o interesse por novos conhecimentos. As perguntas
que as crianças fizeram podiam ser respondidas com uma simples observação das
imagens dos livros e este era um equívoco meu de não considerar que eu
precisava ajudá-las a formular questões e, para isso, precisaria fazer alguma
atividade que as ajudassem nesta tarefa.
Com estas
constatações fui buscar ajuda das minhas colegas de trabalho e de minha
diretora para pensar em outra atividade que pudesse gerar melhores resultados.
A partir das sugestões que recebi, passei um vídeo que falava sobre o fundo do
mar apresentando alguns peixes e algumas informações sobre eles. As crianças
adoraram e ficaram completamente envolvidas com as imagens e as informações que
receberam. Quando terminamos de assistir, tinham muita clareza dos peixes que
queriam pesquisar e tinham perguntas muito interessantes, que puderam conceber
a partir daquilo que viram e ouviram.
Perguntaram
coisas como:
“Porque o
peixe espada tem este nome?”; “Quantas pernas tem o polvo?”, “Por que tem peixe
que come peixe? Os peixes ficam grávidos?” Agora sim, tínhamos perguntas que
precisavam de uma pesquisa para serem respondidas.
Fiquei
muito contente com o novo rumo que tomou meu trabalho com as crianças. Sei que
foi graças ao planejamento feito e depois reelaborado que pude aprender coisas
tão importantes sobre a relação ensino-aprendizagem e principalmente, sobre as
boas ações do educador que favorecem aprendizagens significativas às crianças!”
A
reflexão desta educadora sobre o uso do planejamento como um instrumento que nos
ajuda a adequar melhor nossas ações e com isto propiciar uma aprendizagem de qualidade
às crianças nos traz muitas informações sobre o quê significa planejar, paraque
planejar e como planejar.
Fonte: Pesquisa da Net
Assinar:
Postagens (Atom)