Pensar nos espaços de uma instituição de Educação Infantil não é tarefa fácil, afinal precisamos garantir acessibilidade, aconchego, segurança, conforto e autonomia aos pequenos. E o mais importante: precisamos fazer com que eles gostem de estar ali. Os pais e responsáveis também precisam ter uma boa impressão.
Mas afinal, O que dizem os espaços e os materiais de um Centro de Educação Infantil?
O que pode tornar o ambiente mais interessante para as crianças?
Com certeza você já teve boas e más impressões sobre os espaços em que você chega pela primeira vez ou os que você frequenta todos os dias, não é mesmo? Os objetos, sua disposição, as pessoas , o mobiliário, tudo faz diferença, diz sobre o trabalho que é realizado ali.
No caso de crianças pequenas este espaço funciona também como um educador e por isso é preciso cuidar dele constantemente. Pensando nisso coloco algumas questões para você professora refletir sobre sua prática e sua preocupação com a organização do espaço:
Em sua sala as mesas e cadeiras são dispostas da mesma maneira todos os dias?
Você prepara o ambiente antes das crianças entrarem na sala?
Você permite a circulação das crianças em toda a sala?
Você mantém os materiais ao alcance das crianças?
Você organiza
um cantinho de leitura ou caixa, com livros, revistas e outros materiais
acessíveis às crianças e em quantidade suficiente?
Há brinquedos
que respondam aos interesses das crianças em quantidade suficiente e para
diversos usos (de faz de conta, para o espaço externo, materiais não
estruturados, de encaixe, de abrir/fechar, de andar, de empurrar, etc.)?
Há
instrumentos musicais (industrializados ou de sucata) em quantidade suficiente
para uso das crianças?
Os materiais
de higiene pessoal das crianças estão guardados em locais adequados (sabonetes,
fraldas, escovas de dentes e outros itens)?
Há brinquedos,
móbiles, livros, materiais pedagógicos e audiovisuais que incentivam o
conhecimento e o respeito às diferenças entre as crianças?
Há espaço que permite o descanso da criança?
Para as
turmas de bebês: Há objetos e brinquedos de diferentes materiais em quantidade
suficiente e adequados às necessidades dos bebês e crianças pequenas (explorar
texturas, sons, formas e pesos, morder, puxar, por e retirar, empilhar, abrir e
fechar, ligar e desligar,
encaixar, empurrar, etc.)?
Algumas publicações nos ajudam a pensar sobre esta organização. Uma delas é o artigo da revista Avisalá nº 13 - ano 2003: O que dizem as paredes das escolas. O referencial Curricular da Educação Infantil também faz um boa abordagem sobre o assunto além de outros.
Abaixo socializo trechos de uma formação on line pelo Instituto Avisalá em que a professora aborda o assunto se referindo-se à questão acima:
O que pode tornar o ambiente mais interessante para as crianças?
Algumas questões fundamentais:
A primeira diz respeito ao quanto
temos que ter presente, que existe uma infantilização do universo das crianças.
Essa é uma questão dada historicamente e atualmente é alimentada pela mídia e
por um apelo ao consumo. A “disneylização” da infância que não passa
apenas pelo uso dos personagens e das imagens, mas por um desejo de uma
produção que retrate um mundo muito diferente do real. Refletir sobre isso, nos
remete a pensar na necessidade da presença das produções das crianças, suas
garatujas, suas modelagens e na forma como são apresentadas as próprias
crianças e as suas famílias.
Devemos pensar sempre em como as
crianças buscam um sentido em seu fazer. A forma de organizar bonecas,
brinquedos, de arrumar os objetos e o espaço para brincar, a maneira como
organizam seus primeiros traços no papel, traduzem com uma lógica muito
diferente do adulto; é uma pesquisa, uma maneira de nos mostrar como estão
entendendo esse vasto mundo que os cerca.
As imagens e espaços dizem muito
para as crianças do que esta sendo valorizado. Uma questão comum para essa
reflexão; são as homenagens para o Dia das Mães. E o quanto as imagens,
retiradas de revistas, normalmente tendem a ser de mulheres brancas, magras,
com crianças rosadas. Será que a população que atendemos é assim? Como retratar
num país tão diverso como o nosso as muitas belezas presentes das nossas
crianças e de suas famílias? .
Uma segunda questão diz respeito
ao quanto o espaço arquitetônico, este deve vir a se tornar um
ambiente que acolhe diferentes experiências estéticas. E para nos ajudar a
pensar sobre essa questão me remeto a necessidade do ambiente ter espaços estáveis
em que as crianças podem encontrar e ter acesso aos brinquedos prediletos, as
coisas conhecidas, um ambiente que saibam o que tem ali e espaços
que permitam mudança como na proposta das caixas que podem ser desde
bancos, trem, até um apoio para se levantar, ou na experiência com os panos
que podem virar cobertor de boneca, capa de um herói até tendas.
Uma terceira item diz respeito á
intenção do adulto em oferecer diferentes oportunidades de exploração, portanto
pensar num planejamento que acompanha o fazer das crianças, um planejamento que
documenta o fazer das crianças para pensar nos desafios que podem ser
oferecidos. Seriam explorações do movimento. Explorações
importantes estas, mas que precisam do olhar do adulto para selecionar os
desafios. Como por exemplo: Será que aprender a subir e descer de um banco
seria um bom desafio para as nossas crianças que já sabem andar?
Para concluir vamos a eleição de
alguns princípios para pensar o espaço: a garantia de acesso aos brinquedos e
materiais, a presença das marcas pessoais como painéis das fotos das crianças e de suas famílias, fotos da
turma e produções das crianças, a organização dos materiais de forma a sugerir
jogos ou brincadeiras, como deixar uma casinha montada, uma pista
para carrinhos, uma mesa com pratinhos para um lanche, banheiras e toalhas para
dar banho em bonecas, entre outras brincadeiras possíveis ou seja buscar uma
lógica de uso e a presença de materiais que podem ter fins diversificados como
sucatas, panos, madeiras, pedrinhas que permitam a construção e o uso dos
mesmos para diferentes fins.
No CEI Maria de Lourdes Scoralick Serretti estes espaços vem sendo pensados pelas educadoras a cada dia. As produções das crianças já se tornam presentes em cantos, pátios e dentro das salas. Os materiais e mobiliários já são pensados para melhor atender a prática com os pequenos.
Fonte: indicadores de qualidade para a Educação Infantil;
Formação On line - Instituto Avisalá - Espaços que educam.
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