As situações de leitura na Educação Infantil

(...) Não é possível o processo de alfabetização sem as atividades de Leitura, tanto a leitura pelo professor como as situações em que os pequenos são capazes de atribuir um significado ao texto, mesmo antes de saberem ler convencionalmente.

Os planejamentos aqui na escola incluem situações de escrita e de leitura, e procuramos assegurar na descrição da atividade e na orientação didática (OD) da mesma quais são as atribuições do professor e o que a criança vai fazer, isso define se a atividade tem as condições necessárias para que gere aprendizagem.

No infantil I (crianças de 3 ou 4 anos) o foco do trabalho é a leitura de seu próprio nome e dos colegas. A intenção é que a criança memorize como é a escrita de seu nome, e de alguns colegas, através do cartão de chamada (sem foto ou qualquer outro indício que não sejam as próprias letras). Muitas brincadeiras acontecem para que saibam qual cartão é de quem.

O trabalho em cada uma das etapas da Educação Infantil

No grupo do Infantil II (crianças de 4 ou 5 anos) as atividades com os nomes se intensificam, a intenção é que memorizem a escrita dos nomes de alguns colegas para que tenham um repertório de palavras que conhecem e possam utilizar esse saber na leitura e na escrita de outras palavras. Quem trabalha com crianças de 4 e 5 anos sabe como é comum na leitura de uma palavra como BRUXA a criança dizer “eu sei que é bruxa porque tem o BRU igual da Bruna!”.

No 2º semestre, os pequenos participam de situações de leitura onde o professor coloca 3 cartões com nomes de animais, por exemplo, diz quais nomes estão escritos ali (sem apontar qual está lendo) e a tarefa da criança é localizar qual é qual. Então se o professor coloca MACACO - ELEFANTE - CAMELO, as escritas são bem diferentes, as iniciais são semelhantes a de alguns colegas (Mariana, Mateus, Camili e etc..) e solicita que ela diga onde está escrito camelo ela é capaz de fazê-lo, pois sabe quais palavras estão escritas ali e já conhece algumas letras ou iniciais dos nomes dos colegas. Vejam bem: ela sabe quais estão escritas, mas não sabe onde está cada uma. Esse será o desafio!

Quando chegam no Infantil III (crianças de 5 ou 6 anos), esse tipo de atividade se intensifica e os desafios aumentam, agora a criança já é capaz de localizar onde está escrita determinada palavra num grupo de 3 com iniciais iguais, MELANCIA – MARACUJÁ – MORANGO, ou mais desafiador ainda: BATATA - BAILARINA – BARATA , já que as iniciais e finais são iguais precisará analisar o meio das palavras. Outra situação é procurar ler um texto memorizado ajustando a sua fala enquanto o dedinho acompanha as palavras escritas, o professor pode pedir para que localize no texto onde está escrito “copo de veneno” na parlenda Lá Em Cima Do Piano.

As situações de leitura são fundamentais para que avancem na compreensão do Sistema de Escrita e da Linguagem que se escreve, entretanto elas precisam ser ajustadas aos conhecimentos de cada criança, mesmo que ela esteja no Infantil III, mas é novata na escola e não consegue identificar seu nome, é nesse conteúdo que o professor vai atuar assim como se está no infantil II e já identifica os nomes de todos os colegas a professora investe em situações mais desafiadoras de leitura.

Cito aqui um trecho do texto de Maria Cláudia Molinari “As situações didáticas onde os pequenos leitores devem interpretar um texto por si mesmos se caracterizam por representar a escrita de maneira contextualizada, quer dizer, sempre acompanhada de um contexto verbal (o professor diz o que está escrito ou a criança o tem memorizado) ou contexto material (textos de circulação social que possuem ilustração como folhetos, revistas e livros). Seja pela presença de dos aspectos materiais ou porque sabem o que está escrito ali o professor ‘nunca deixa as crianças sozinhas frente às letras’”.

No CEI Maria de Lourdes Scoralick Serretti as turmas iniciaram o trabalho com nomes logo no início das atividades. Nas turmas de crianças menores, as professoras apresentaram as fichas às crianças em cartões e letras maiores, mais resistentes para que pudessem manusear com mais liberdade. Já com os maiores as fichas foram preparadas em cartões com papel mais firme e em tamanho médio. Todas em caixa alta e sem nenhum detalhe diferenciando uma da outra. Estas ficam disponível em sala e são utilizadas nos diversos momentos da rotina sempre que necessário. Para ajudar na identificação com os pequenos, as cadeiras da sala também ganharam os nomes afixados e o desafio é encontrar o seu lugar já que a cada dia muda-se o mobiliário. Com os maiores, o desafio vai além. A escrita e a montagem dos nomes com o alfabeto móvel são algumas das atividades desenvolvidas por eles.

E assim eles vão se apropriando da escrita do seu nome dos colegas e de todas as letras do nosso alfabeto.