domingo, 26 de março de 2017

Educar criança de 0 a 3 anos exige sensibilidade e delicadeza 

 

Nestes tempos de aceleração, onde a ansiedade está cada vez mais presente no mundo dos adultos e, consequentemente, atropelando de frente o ritmo orgânico da criança pequena, é preciso refletir sobre o que fazer para modificar este quadro. Afinal, esta fase dos três primeiros anos, conhecida como primeiríssima infância, é fundamental para o desenvolvimento global harmonioso do ser humano.

O contato com a criança pequena precisa ser delicado e ao mesmo tempo atencioso. Por meio de uma observação cuidadosa, é possível perceber algumas reações aos cuidados, mesmo em bebês muito pequenos. São sinais sutis perceptíveis por meio de movimentos corporais, crispações da pele, expressões do rosto, expressões sonoras, que trazem informações de como o bebê está recebendo os cuidados e, mais do que isso, de que forma ele consegue participar destes momentos. Além de muita calma é preciso fazer pausas na ação de cuidar, para que estas reações apareçam.
Segundo a médica húngara Emmi Pikler, que desenvolveu uma abordagem específica para a educação de crianças de 0 a 3 anos, os momentos de cuidar são excelentes oportunidades para a construção do vínculo afetivo. Para que isso ocorra, as tarefas de cuidar não podem ser realizadas de maneira rápida e mecânica, ao contrário do que acontece em muitos espaços coletivos de bebês.  A constância nos cuidados, assim como a regularidade de tempo e espaço criam o clima de confiança necessário para que a criança sinta segurança e possa participar desta relação e aproveitar a experiência.
Os estímulos táteis são acompanhados de falas com voz suave, explicando de forma clara e simples o que está se passando e antecipando o que vai acontecer a seguir. Quando o adulto educador fala sobre a parte do corpo que está sendo tocada, ajuda o bebê a construir seu esquema corporal, que é a experiência imediata da unidade dos segmentos do corpo e a posição que se ocupa no espaço. O esquema corporal é resultado da organização cognitiva e afetiva de cada pessoa e é construído e reconstruído pelas contínuas alterações da posição do corpo no espaço.
Emmi Pikler e sua equipe ensinam, também, a importância de realizar gestos delicados, não interromper uma atividade de cuidado, considerar as necessidades individuais e reagir a cada manifestação das crianças. As diferentes sequências de cada atividade de atenção pessoal se realizam sempre de forma igual, como uma “coreografia dos cuidados”, mas o fato do adulto se manter sempre presente na atividade impede que o ato se torne mecânico.
Uma criança cuidada desta forma se sente segura e confiante no adulto e pode se aventurar a brincar de forma livre, explorando objetos com diferentes qualidades táteis e exercendo os movimentos necessários para seu desenvolvimento neuropsicomotor.

Fases do brincar
Segundo a Abordagem Pikler, as crianças pequenas que brincam de forma espontânea passam por fases distintas. Ainda no berço, a criança brinca com o próprio corpo: mãos, pés e a própria voz.  Ao armazenar sensações e informações colhidas na exploração do espaço e dos brinquedos, a criança constrói as bases necessárias para o desenvolvimento da capacidade de pensar. E assim, ela aprende a aprender.
A abordagem Pikler recomenda que o bebê seja colocado sempre de barriga para cima, em uma superfície firme, posição que favorece os movimentos corporais.

Olhar ao redor
O bebê explora visualmente o ambiente ao seu redor. Com isso, fortalece a musculatura do pescoço e organiza os movimentos da cabeça, em função dos estímulos visuais e auditivos que o entorno oferece.

Explorar as próprias mãos
No início, as mãos se movimentam sem controle, desaparecem e voltam a ser visíveis novamente. O fato do bebê perceber que elas podem ser controladas gera interesse e satisfação. Ele passa a pegar um objeto, mas ainda não é capaz de largá-lo. O acaso ainda predomina.

Alcançar o brinquedo desejado, pegar nas mãos e movê-lo
Nesta fase o bebê já pode exercer a iniciativa de escolher com que objeto brincar.

Usar as duas mãos
A criança passa o brinquedo de uma mão a outra, com simetria e sincronicidade.

Estudar objetos
A criança toca o brinquedo, empurra, balança e observa o efeito que é produzido. Os brinquedos podem escorregar, bater, tremer, rolar, fazer barulhos etc.

Brincar com dois brinquedos simultaneamente
Coloca dois objetos em relação. Observa diferenças, proporção, características, formatos, etc.
Entre 9 e 12 meses a criança tem o impulso de colocar objetos menores dentro dos maiores e perceber o que cabe dentro do que. Ela experimenta e percebe as posições no espaço, tendo as primeiras noções de dentro / fora; em cima / embaixo / ao lado; junto / separado.
Nesta fase ela começa a colecionar objetos com uma atitude “científica”, seguindo o resultado das suas ações, comparando com o resultado imaginado e modificando, se necessário, para encontrar gestos mais efetivos.

Fonte: http://www.culturadapaz.com.br/educar-crianca-de-0-a-3-anos-exige-sensibilidade-e-delicadeza/
Imagem: Pesquisa na Net

domingo, 19 de março de 2017

O REGISTRO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

ANELIZE, BRUNA, MAITÊ, SILVIA C. e VANESSA

Smole et al (2000) discutem sobre os diferentes tipos de registros: o registro oral; o registro pictórico e o registro textual.

O registro oral (SMOLE et al., 2000) é o registro mais natural da criança, pois ela utiliza sua língua materna. Nesse tipo de registro, a criança tem que explicar argumentando logicamente ao professor e colegas o que ela pensou, qual foi sua estratégia.

O registro pictórico - desenho da brincadeira - pode ter diversas funções como: lembrança do jogo, contar para alguém como foi a brincadeira (comunicação de idéias), controlar quantidades, planejamento de uma ação.

Nesse momento podem ser exploradas também diferentes técnicas de pintura e produções artísticas. O desenho pictórico não precisa ser exatamente de uma brincadeira, ele pode ser feito para registrar um momento de grande importância. Pode-se pedir que a criança desenhe um objeto, jogo ou brincadeira sem que a conheça, tentando imaginar como pode ser. É importante explorar nesse momento o trabalho em dupla ou equipes, até mesmo os pequenos, embora não tenham a representação simbólica de um determinado objeto eles podem dividir o mesmo espaço e material. Os maiores podem fazer discussões, realizando os registros juntos.

O registro pictórico faz a criança tomar consciência de sua ação, desenvolver a noção espacial e também a noção da proporcionalidade. O registro é a expressão da criança, seu olhar do mundo e da brincadeira que realizou. Smole (2000, p. 18) aponta que “este é um recurso adequado para podermos auxiliar a criança a registrar o que fez, o que foi significativo, tomar consciência de suas percepções”. No desenho muitos aspectos interessantes acontecem. Quando a criança começa a desenhar uma brincadeira, o movimento corporal é marcante, representado no desenho por “rabiscos circulares”, assim “a ponta do lápis funciona como uma ponte de comunicação entre o corpo e o papel” (SMOLLE, 2000, p. 18). Além disso, o desenho pode se tornar um jogo para a criança, sendo prazeroso. Então, por que o professor não utilizar desse prazer uma ”ponte” para um aprendizado mais significativo para as crianças? Chateau (1987, p.58) aponta que: ”uma das manifestações mais vivas desse amor a repetição encontra-se no desenho infantil que é um jogo de um gênero especial.” Na socialização de seus registros, as crianças questionam umas as outras sobre seus desenhos, sendo críticas.
(...)
Para o professor, os registros podem se tornar um meio de avaliação para compreender o que a criança está pensando, analisando a evolução dos registros.

Assim, quando o professor tem os registros, sejam eles individuais ou coletivos escritos ou desenhados, podendo perceber os conhecimentos que seus alunos adquiriram durante o tempo em que estão sendo avaliados. Os desenhos, por exemplo, podem mostram formas e cores que não eram encontrados nos primeiros registros. As representações das pessoas e dos objetos e as formas que usam para representar cada um deles. Os professores avaliam assim não só os que as crianças sabem naquele determinado momento, mas o caminho que percorreram para chegar a tal conhecimento.
 
Alguns registros:

Heloisa Pedroza Lima 💙💚💜

Fonte: Texto adaptado por Heloisa Pedroza Lima http://pedagogia7fasefurb.blogspot.com.br/2011/03/o-registro-das-criancas-na-educacao.html
Desenhos: pesquisas na Net