Educar criança de 0 a 3 anos exige sensibilidade e delicadeza
Nestes tempos de aceleração, onde a ansiedade está cada vez mais 
presente no mundo dos adultos e, consequentemente, atropelando de frente
 o ritmo orgânico da criança pequena, é preciso refletir sobre o que 
fazer para modificar este quadro. Afinal, esta fase dos três primeiros 
anos, conhecida como primeiríssima infância, é fundamental para o 
desenvolvimento global harmonioso do ser humano.
O contato com a criança pequena precisa ser delicado e ao mesmo tempo
 atencioso. Por meio de uma observação cuidadosa, é possível perceber 
algumas reações aos cuidados, mesmo em bebês muito pequenos. São sinais 
sutis perceptíveis por meio de movimentos corporais, crispações da pele,
 expressões do rosto, expressões sonoras, que trazem informações de como
 o bebê está recebendo os cuidados e, mais do que isso, de que forma ele
 consegue participar destes momentos. Além de muita calma é preciso 
fazer pausas na ação de cuidar, para que estas reações apareçam.
Segundo a médica húngara Emmi Pikler, que desenvolveu uma abordagem 
específica para a educação de crianças de 0 a 3 anos, os momentos de 
cuidar são excelentes oportunidades para a construção do vínculo 
afetivo. Para que isso ocorra, as tarefas de cuidar não podem ser 
realizadas de maneira rápida e mecânica, ao contrário do que acontece em
 muitos espaços coletivos de bebês.  A constância nos cuidados, assim 
como a regularidade de tempo e espaço criam o clima de confiança 
necessário para que a criança sinta segurança e possa participar desta 
relação e aproveitar a experiência.
Os estímulos táteis são acompanhados de falas com voz suave, 
explicando de forma clara e simples o que está se passando e antecipando
 o que vai acontecer a seguir. Quando o adulto educador fala sobre a 
parte do corpo que está sendo tocada, ajuda o bebê a construir seu 
esquema corporal, que é a experiência imediata da unidade dos segmentos 
do corpo e a posição que se ocupa no espaço. O esquema corporal é 
resultado da organização cognitiva e afetiva de cada pessoa e é 
construído e reconstruído pelas contínuas alterações da posição do corpo
 no espaço.
Emmi Pikler e sua equipe ensinam, também, a importância de realizar 
gestos delicados, não interromper uma atividade de cuidado, considerar 
as necessidades individuais e reagir a cada manifestação das crianças. 
As diferentes sequências de cada atividade de atenção pessoal se 
realizam sempre de forma igual, como uma “coreografia dos cuidados”, mas
 o fato do adulto se manter sempre presente na atividade impede que o 
ato se torne mecânico.
Uma criança cuidada desta forma se sente segura e confiante no adulto
 e pode se aventurar a brincar de forma livre, explorando objetos com 
diferentes qualidades táteis e exercendo os movimentos necessários para 
seu desenvolvimento neuropsicomotor.
Fases do brincar
Segundo a Abordagem Pikler, as crianças pequenas que brincam de forma
 espontânea passam por fases distintas. Ainda no berço, a criança brinca
 com o próprio corpo: mãos, pés e a própria voz.  Ao armazenar sensações
 e informações colhidas na exploração do espaço e dos brinquedos, a 
criança constrói as bases necessárias para o desenvolvimento da 
capacidade de pensar. E assim, ela aprende a aprender.
A abordagem Pikler recomenda que o bebê seja colocado sempre de 
barriga para cima, em uma superfície firme, posição que favorece os 
movimentos corporais.
Olhar ao redor
O bebê explora visualmente o ambiente ao seu redor. Com isso, 
fortalece a musculatura do pescoço e organiza os movimentos da cabeça, 
em função dos estímulos visuais e auditivos que o entorno oferece.
Explorar as próprias mãos
No início, as mãos se movimentam sem controle, desaparecem e voltam a
 ser visíveis novamente. O fato do bebê perceber que elas podem ser 
controladas gera interesse e satisfação. Ele passa a pegar um objeto, 
mas ainda não é capaz de largá-lo. O acaso ainda predomina.
Alcançar o brinquedo desejado, pegar nas mãos e movê-lo
Nesta fase o bebê já pode exercer a iniciativa de escolher com que objeto brincar.
Usar as duas mãos 
A criança passa o brinquedo de uma mão a outra, com simetria e sincronicidade.
Estudar objetos
A criança toca o brinquedo, empurra, balança e observa o efeito que é
 produzido. Os brinquedos podem escorregar, bater, tremer, rolar, fazer 
barulhos etc.
Brincar com dois brinquedos simultaneamente
Coloca dois objetos em relação. Observa diferenças, proporção, características, formatos, etc.
Entre 9 e 12 meses a criança tem o impulso de colocar objetos menores
 dentro dos maiores e perceber o que cabe dentro do que. Ela experimenta
 e percebe as posições no espaço, tendo as primeiras noções de dentro / 
fora; em cima / embaixo / ao lado; junto / separado.
Nesta fase ela começa a colecionar objetos com uma atitude 
“científica”, seguindo o resultado das suas ações, comparando com o 
resultado imaginado e modificando, se necessário, para encontrar gestos 
mais efetivos.
Fonte: http://www.culturadapaz.com.br/educar-crianca-de-0-a-3-anos-exige-sensibilidade-e-delicadeza/
Imagem: Pesquisa na Net

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