domingo, 28 de fevereiro de 2016

Leitura de contos de fadas

Por que ler contos de fadas para as crianças?
Os contos de fadas ocupam lugar de destaque na literatura infantil ocidental. Através de suas histórias, somos transportados para lugares mágicos e secretos. No entanto, se entramos em um universo de príncipes e princesas, também nos deparamos com dragões, monstros e bruxas. Trata-se de um mundo encantado, cheio de beleza, mas ao mesmo tempo, bastante cruel e amedrontador.
Por que continuamos, então, a ler essas histórias para as crianças? Não deveríamos proteger nossos pequenos das agruras do mundo?
Ora, o medo faz parte da condição humana. Ele está na origem da fantasia e de nossa capacidade de imaginar, e nisso reside, também, o grande fascínio que ele exerce sobre as crianças. Para elas, não interessa um mundo sem conflitos. De forma simbólica, os contos mostram às crianças que a vida é severa e que é preciso enfrentar desafios na passagem para a vida adulta.
Os contos de fada, com seus monstros e perigos, tranquilizam de certa forma os pequenos com relação aos seus próprios temores. A partir da entrada em um mundo de imaginação e fantasia, crianças encontram um lugar em que, apesar de tudo, o medo pode ser dominado e banido. Isso explica porque elas sempre pedem para que os adultos repitas as histórias.
Para muitos estudiosos, a estrutura narrativa dos contos tem papel importante na formação humana, pois aborda assuntos diretamente ligados às grandes questões de nossa existência, como a coragem, a justiça, a vida, a velhice e a morte, a luta entre o bem e o mal. Na medida em que percebemos que nossos medos são compartilhados com outras pessoas, nos identificamos com a sociedade e a cultura da qual fazemos parte.
Em nossos tempos politicamente corretos e superprotetores, tendemos muitas vezes a querer retirar dessas histórias os elementos que amedrontam as crianças, no entanto, são justamente desses aspectos que elas necessitam para abordar os enigmas do mundo e do desejo.
Para Diana e Mario Corso, autores de Fadas no Divã: Psicanálise nas Histórias Infantis, “contar histórias não é apenas um jeito de dar prazer às crianças: é um modo de ampará-las em suas angústias, ajudá-las a nomear o que não pode ser dito, ampliar o espaço da fantasia e do pensamento”.
(Juliana Montoia de Lima)
Indicações de leitura
Contos de fadas: Edição comentada e Ilustrada
Edicão, introdução e notas Maria Tatar; traducão Maria Luiza X. de A. Borges – Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004
Irmãos Grimm Contos de fadas
Tradução Celso M. Paciornik; apresentação Silvia Oberg. – 5.ed. – São Paulo: Iluminuras, 2005
Fadas no Divã: Psicanálise nas Histórias infantis/ Diana Lichtenstein Corso, Mário Corso. – Porto Alegra: Artmed, 2006
A psicanálise dos Contos de Fadas, Bruno Bettelheim, Paz e Terra

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