As salas das escolas de Educação Infantil precisam ser pensadas de forma diferente das salas do Ensino Fundamental, afinal as crianças são muito pequenas e precisam de outra disposição de materiais e mobiliário.
Uma diferente opção utilizada pelos professores são os cantos diversificados. Espaços montados em sala que atendem a diferentes interesses e descentraliza a figura do professor.
Veja a abordagem de um blog sobre cantos diversificados:
" Para a criança, o espaço é
o que sente, o que vê, o que faz nele. Portanto, o espaço é sombra e escuridão,
é grande, enorme ou, pelo contrário, pequeno, é poder correr ou ter de ficar
quieto, é esse lugar onde pode ir, olhar, ler, pensar. O espaço é em cima, embaixo é tocar ou não chegar a tocar, é barulho forte, forte
demais ou, pelo contrário, silêncio, são tantas cores, todas juntas ao mesmo
tempo ou uma única cor grande ou nenhuma cor...
O espaço, então, começa
quando abrirmos os olhos pela manhã em cada despertar do sono, desde quando, com
a luz retornamos ao espaço."
( Fornero, apud Zabalza 1998)
Na educação infantil é imprescindível um ambiente acolhedor e desafiador. Que tenha por objetivos, produzir conhecimento e aprendizagem, através de vivências lúdicas.
É comum comentários e reclamações principalmente nos berçários a respeito de mordidas, arranhões e etc. Nesta experiência percebemos que a partir do momento em que nós introduzimos os cantos de livre escolha, essas situações diminuíram praticamente 90% , fato absolutamente compreensível tendo em vista que as crianças ficaram mais compenetradas nas brincadeiras, tornando aquele espaço um mundo inteiramente seu. Aprendendo desta forma simples a compartilhar, expressar seus sentimentos e pensamentos e a lidar com situações conflituosas tendo a liberdade de escolher onde quer ficar, o que deseja fazer, com quem brincar ou simplesmente brincar sozinha.
Optamos por iniciar com um canto permanente durante uma
semana, e procedendo a troca de outros cantos diariamente. A criança não nasce
sabendo brincar isso
é uma aprendizagem
social. No inicio foi necessário que ensinássemos as crianças a brincarem,
sentando e interagindo nas brincadeiras, não para transmitir uma forma única de
brincar, mas para possibilitar que as crianças não temam em
avançar suas potencialidades e imaginação até se apropriarem e criarem seu
próprio jeito de brincar.
Notamos que desta forma as crianças vão se apropriando do espaço. Vão criando e recriando de acordo com o seu estado de espírito, criatividade e disposição, afinal de contas, nenhum dia é igual ao outro. E os cantos se tornam cada vez mais atrativos.
Com a sequência de fotos a seguir
você poderá acompanhar alguns exemplos de cantos que organizamos, pois foram
vários no decorrer do ano que demonstram a participação, a construção, a
produção e a criação das crianças.
Primeiramente mostraremos a organização da sala e em seguida os cantos isoladamente para melhor detalharmos.
Os blocos lógicos também podem ser usados como jogo da memória,
nessa organização eles foram disponibilizados de forma diferenciada,
colocados enfileirados em direção ao cercadinho, criamos um canto com mesas de artes
com papel sulfite e
canetinhas ao fundo
da sala, livros sobre os colchonetes e caixa de sensações no centro da
sala com plástico bolha no chão.
Neste dia optamos por organizar os cantos da seguinte
maneira: pista de carros, blocos lógicos, jogo da memória de madeira e jogo da
memória com as fotos das crianças. (mostramos assim que podemos disponibilizar
com os mesmos objetos cantos diversificados)
Neste outro momento demos um aspecto totalmente diferente aos
cantos: Tenda da leitura, pista de carros, jogo da montanha russa e jogo de boliche com placas de EVA
nos formatos quadrado, redondo, triângulo e retângulo.
Sabemos que a rotina é cansativa principalmente quando se tem entre 1 a 2 anos e
meio deste modo sempre nos preocupamos em organizamos a sala de modo criativo,
neste dia os cantos são: jogos de encaixe, cantinho da beleza, casinha e cantinho
da leitura.
Cantinho das artes:
De forma simples colocamos
três mesas com dois lugares, papel sulfite e canetinhas, mas este canto simplificado é bem
explorado, diversificando com papel pardo no chão, cartolinas nas paredes,
massinhas, giz de
cera, tintas etc
Este é um dos cantos
preferidos das crianças, livremente sem nenhuma obrigação brincam desenhando
soltando sua imaginação e criatividade.
Pista de carros:
A pista de carros foi confeccionada pelas
educadoras do BI
Sandra Borges e Valéria Paulino com intuito de promover o
brincar de forma mais significativa, observando, elas perceberam que
as crianças quebravam os carrinhos, por não saberem brincar, desejando modificar
essa atitude elas desenvolveram a pista e notaram que as crianças sendo
direcionadas para um objetivo começaram a brincar corretamente sem destruir os brinquedos.
Observe com que cuidado e atenção o Matheus se dedica ao colocar os carrinhos na
pista ultilizando a sua imaginação.
Cantinho das texturas:
Esta caixa foi confeccionada pela educadora Quitéria Campanaro, com o objetivo de aguçar os sentidos e a curiosidade das crianças.
A sensação de prazer ao tocar, pisar e estourar bolhas e caixa foi demonstrada claramente
pelas crianças.
Ao nos depararmos com as poucas opções de brinquedos oferecidos pela
Instituição, buscamos alternativas para não empobrecer os cantos e as atividades
em geral, assim, unindo a criatividade aos talentos manuais elaboramos
brinquedos e jogos, para não deixarmos de brincar.
Jogo da
memória:
O jogo da memória foi uma superação para nós, ao colocarmos o jogo sobre a mesa esperávamos que ao entrarem na sala iriam jogá-lo no chão como de costume, mesmo após termos sentado e ensinando-os a jogar, mas para nossa surpresa o resultado foi diferente, o Eduardo, a Anny e o Kalebe sentaram e dividiram as peças sem contendas. O Eduardo organizou as peças dentro da caixa tentando encontrar os pares e conversando com os amigos para ver se estava com eles, tentando negociar uma troca das peças que lhe interessava.
Escritório:
Criamos o canto
colocando duas mesas e duas cadeiras com um teclado e um notebook:
A Nicolly chegou primeiro e
tomou posse da cadeira e do notebook, surge o primeiro conflito, a
Júlia e o Felipe
também queriam brincar, mas havia somente uma cadeira (propositalmente).
Então
a Júlia e o Felipe
decidiram brincar em pé ao redor da Nicolly e assim seguiram amigavelmente sem
nenhuma interferência do professor.
Casinha:
Organizamos este canto com uma mesa de madeira com quatro cadeirinhas, com
uma toalha de mesa, bule e canecas de metais.
Primeiramente a Natália chegou e brincou por um bom tempo sozinha,
servindo-se, depois chegou o Kalebe que começou a dividir a brincadeira com
ela e logo depois a Anny e o Kaique, que conversavam entre si, tomando café
e leite, representando as situações vividas (jogo simbólico).
Cantinho da telefonia:
Foi impressionante como cada um ao entrar na sala
foram exatamente um
para cada telefone, uns ligando para a mamãe, outros para o papai, outros para
os colegas de sala, etc.
É significativo também dizer que a maioria da
construção dos cantos e seus acessórios são feitos por brinquedos confeccionados pelos
educadores, como os jogos e caixas, tanto como sucatas e aparelhos eletrônicos que se
transformaram em brinquedos: telefones, computadores, entre outros objetos.
Cantinho da leitura:
Sempre organizamos o cantinho da leitura de formas diferenciadas, afim de
não se tornar monótomo e de aguçar expectativas.
Estante de livros com tapetes e almofadas.
O hábito de ler está cada vez mais instigante nesta turma, o Everton
que vemos na foto ao lado, já consegue até distinguir os autores dos livros mais
lidos apresentados nas sequências de leitura como as autoras e ilustradores:
Sônia Rosa, Luna,Tatiana Belinky, KeithFaulkner e Jonathan Lambert.
Blocos lógicos:
Os blocos lógicos
de madeira dispostos nos carrinhos, dão a possibilidade de soltarem a imaginação
e utilizarem as peças para várias coisas, usando o próprio carrinho. Na foto
podemos perceber a concentração da Nátalia equilibrando um sobre o outro.
Cantinho da beleza:
Cantinho da beleza:
No cantinho da beleza, para incrementar a brincadeira cada educador
foi contribuindo com um objeto em especial, a Marcia Jorge trouxe um secador e
uma chapinha de brinquedo, eu ( Andréia) a Shirley e a Gorete ( diretora) contribuímos com embalagens como: desodorantes,
potes de shampoo vazios e pentes e a Quitéria com colares e pulseiras. As
crianças se divertiram muito, principalmente as meninas explorando suas
vaidades. A Larissa foi a que mais se identificou com o secador de cabelo,
colocava os amigos na cadeira e com muita eficiência escovava os cabelos no seu
faz de conta.
Jogos de
encaixe:
Diferentes jogos de encaixe desafiam as crianças e tornam a brincadeira mais empolgante, por isso procuramos sempre disponibilizar a eles esta diversidade. E solicitamos a coordenadora e a diretora que com a verba do PTRE se fosse possível priorizasse estes brinquedos, não somente dos jogos mais de outros brinquedos para de forma organizada montar-mos kits que compõem os cantos, tornando mais fácil e rápida a organização e disposição do espaço, deixando nossos cantos mais desejáveis e atrativos.
Dado:
O dado foi confeccionado durante a sequencia didática Copa do Mundo 2010, afim
de introduzrr os animais da África de uma forma mais lúdica.
Os cantos sempre são organizados um pouco antes do jantar, pois nesse
horário contamos com a presença dos ATES que nos auxiliam. Assim nós
professoras sempre revezamos para preparar o ambiente. Não utilizamos somente a
sala de convivência, muitas vezes usamos o solário e o parque também,
principalmente nos dias ensolarados. Em um determinado dia, devido a correria da
rotina não conseguimos organizar os cantos e foi incrivelmente marcante ,ver
estampado na face das crianças a decepção, ao encontrarem a sala da mesma maneira
que a deixaram.
O espaço não é algo que emoldure, não é simplesmente físico, mas atravessa as relações, ou melhor, é parte delas. O professor é um mediador de diferentes relações: entre crianças e o saber, entre crianças e o mundo que as cerca, entre elas mesmas, entre elas e o mundo imediato, etc.Tal como destaca Piaget 1969, a criança conhece quando atua sobre os objetos, quando prática ações sobre os objetos. As condutas complexas diante das coisas que são próprias das crianças de um ano e meio trata-se de uma verdadeira experimentação, na qual ela faz uma análise do objeto, age sobre ele e tira conclusões sobre as suas características.
Essa exploração e experimentação constantes que a criança faz sobre os
objetos, no decorrer dos dois primeiros anos de vida, proporcionam-lhe um
conhecimento do mundo que a envolve, as relações que podem ser estabelecidas
entre os objetos e as situações ( se move isto, posso ver o que está em cima
etc).
É por isso que necessitamos proporcionar situações de jogo, experiência e manipulação de objetos diversos, bem como a realização de experiências adequadas ao nível de compreensão dos meninos e das meninas dessa idade.
Livro: Aprender e ensinar na Educação Infantil 1999.
Um comentário:
Nossa! Que trabalhos lindos! Amei conhecer seu Blog. Parabéns!
Abraços,
Rosângela.
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