Pensar em currículo é pensar sobre o que trabalhar com as crianças da Educação Infantil e daí pensar em várias questões:
- Quem são as crianças?
- Como elas se desenvolvem?
- O que deve nortear minhas escolhas?
- Legislação?
- Proposta pedagógica?
- Quais as necessidades e interesses dessas crianças?
- Quem será protagonista nesta construção?
Pensar em tudo isso é pensar no currículo.
Um currículo que organiza o trabalho com a criança de 0 a 05 anos em jornada parcial ou integral, que atende as crianças no cuidar e educar de forma indissociável, que oportuniza
diversas experiências, que respeita a criança como um sujeito de direitos.
diversas experiências, que respeita a criança como um sujeito de direitos.
Assim, "Currículo
é um percurso, um caminho a ser seguido, visando direcionar e organizar um
trabalho educativo, considerando a função da instituição a qual se destina.
Sendo um instrumento norteador, deve expressar sempre a filosofia da
instituição.
Currículo
de Educação Infantil é o conjunto de experiências culturais de cuidado e
educação, relacionados aos saberes e conhecimentos, intencionalmente
selecionados e organizados pelos profissionais de uma instituição de Educação Infantil
- IEI, para serem vivenciados pelas crianças.
Um
currículo para a Educação Infantil tem que ter embasamento legal, considerar a
realidade sociocultural das crianças, de suas famílias e da comunidade em que a
instituição está inserida, bem como, selecionar conteúdos que ampliem o
universo cultural das crianças na perspectiva de sua formação humana.
O
currículo é um dos elementos da Proposta
Pedagógica da instituição, devendo ser norteado pelos pressupostos que
orientam essa proposta e se articular com os demais elementos nela definidos.
As
experiências selecionadas devem envolver tanto os conteúdos relativos aos
diversos campos de conhecimento quanto os saberes relacionados aos valores,
atitudes e procedimentos.
Deve
ser flexível, deixando sempre um espaço para o imprevisível."
Definição de Currículo da Proposta Curricular da Educação Infantil de Nova Lima/2010
E as DCNEI, como trazê-las para esta discussão? Como pensar um currículo e garantir ao mesmo tempo a efetivação das DCNEI dentro de cada turma, na prática de cada professora, no planejamento de cada gestor?
Pensando em enriquecer ainda mais nossa discussão trago o post da professora Janaina Maudonnet em seu blog http://pedagogiacomainfancia.blogspot.com.br/search/label/Curriculo que contribui muito com suas ideias:
Como
colocar as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil em
prática?
As Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil apontam para uma visão de criança como “centro do
planejamento Curricular”, como um sujeito de direitos que é portador de
teorias, saberes; que pensa sobre o mundo e atribui sentido à ele a
partir do que lhe é oferecido; uma criança que não passa incólume às
propostas que vivencia desde sua chegada até a saída da instituição.
Nesse sentido, define
currículo como “um conjunto de práticas que buscam articular os saberes e
experiências das crianças com o patrimônio cultural, artístico,
ambiental, cientifico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento
integral da criança”. Ou seja, currículo não é aquele que se define a
priori, mas aquele que é vivenciado com as crianças a partir de seus saberes,
manifestações, articulado com aquilo que consideramos importante que elas
conhecem do patrimônio da humanidade.
Embora, a aceitação dessas
concepções de criança e currículo não seja, a primeira vista, um grande
problema em um nível discursivo entre a maioria dos profissionais da educação,
para de fato incorporá-las nas práticas, ainda há um longo caminho.
O foco das propostas oferecidas
às crianças ainda está, na maioria dos casos, na atividade a ser
desenvolvida por ela, seja essa atividade uma contação de histórias, um
registro no papel, uma dança, uma música a ser cantada, ou ainda, a troca de
roupas e a escovação de dentes. As relações estabelecidas, os
conhecimentos que as crianças tem sobre o que vai ser vivido, as indagações que
tem sobre o mundo, muitas vezes não são ouvidas ou são desconsideradas na
organização das propostas.
Para praticar o que dizem
as DCNS, precisamos apurar o nosso olhar em relação as crianças que temos: o
que sabem, o que gostam, como pensam o mundo, como se manifestam, o que
conhecem, como conhecem. São perguntas que todos os educadores devem se fazer
sempre para buscar a melhor pedagogia para as crianças com as quais convivem.
Para isso, precisam desenvolver uma metodologia de coleta de informações que
passa pela observação atenta, pela pesquisa (“professor pesquisador”).
Por exemplo, em relação ao brincar: do que as crianças brincam? Quais são suas
brincadeiras preferidas? Qual seu repertório de brincadeiras? De que modo
podemos ampliá-lo? Que materiais podemos oferecer às crianças para ampliar suas
possibilidades de brincar? O educador precisa ser um constante pesquisador.
Em um texto belíssimo, intitulado,
“Planejamento no educação infantil: mais do que a atividade, a criança em
foco”, Luciana Esmeralda Ostetto destaca diferentes maneiras de
planejar na educação infantil que fizeram parte da história da Educação
Infantil e da formação de professores e, que ainda convivem na prática (por
exemplo, planejamento através de uma simples listagem de atividades, de datas
comemorativas, de disciplinas – matemática, português, etc.) e ressalta que o
grande desafio que temos hoje é justamente, planejar olhando as crianças
concretas que temos.
A referência da escola,
transmissora de saberes, ainda é muito forte em nosso imaginário. Essa foi
nossa experiência como alunos, considerados como aqueles que não tem luz, que
não tem o que dizer (infans – sem voz). Nos próprios cursos de formação, muitas
vezes os professores também são submetidos a isso: palestras distantes, que nem
sempre permitem que eles coloquem em jogo aquilo que sabem, fazem e acreditam.
A preocupação com a
quantidade e o produto final do trabalho é também um grande desafio das
instituições de educação infantil. Estas estão submetidas aos mesmos mecanismos
de exigência social do capitalismo. Muitas vezes, quanto mais “folhas de
atividades” são produzidas pelas crianças, mais eficiente é considerada a
proposta. Essa é uma exigência de muitas famílias, que não percebem essa
dimensão, e que acaba sendo consolidada por muitas escolas.
Para se trabalhar na
perspectiva das diretrizes, é preciso pensar no processo. As crianças precisam
ter tempo para viver as coisas profundamente, ter oportunidade de sentir as
experiências, poder ouvir uma boa história, sem pressa porque vai abrir o
portão; aprender a se servir e se trocar, testando suas habilidades, sentindo
suas dificuldades, com calma. Enfatizar o processo é importante porque dá tempo
para a criança se perceber e perceber o mundo com mais tranquilidade e portanto
mais profundamente.
Tempo é outro fator que tem
que ser continuamente repensado na instituição. Há um grande mito que resvala
em boa parte das instituições: “todo mundo faz a mesma coisa ao mesmo tempo
o tempo todo”. O tempo da instituição ainda é muito homogêneo e
arbitrário. Ainda se exige muito do educador um controle excessivo das crianças
que precisam sempre fazer alguma coisa juntas e em um determinado horário fixo,
rígido. A organização de cantos nas salas, por exemplo, hoje tão debatida na
área, ajuda o educador a se concentrar em pequenos grupos, em uma criança,
possibilitando que ele possa conhecê-las melhor.
Nesse sentido, é preciso discutir
também a relação com o espaço. Um espaço pobre de desafios, cheio de mesas e
carteiras, como poucos materiais disponíveis dificulta que a criança possa
ampliar seu conhecimento de mundo e crie hipóteses sobre como as coisas do
mundo são. Por outro lado, o contato com a natureza e os espaços externos,
permitem que as crianças, observem os fenômenos e se indaguem sobre eles: por
que a formiga consegue subir em cima de uma árvore sem cair? Porque o vento
sopra? São perguntas que as crianças se fazem quando damos tempo e espaço para
que elas descubram. E nos fornecem caminhos muito mais interessantes para
trabalharmos com elas.
Para colocar em práticas as
DCNS é preciso repensar a instituição em seu todo: nos tempos, nos espaços e na
relação que estabelecemos com o conhecimento, e principalmente, com as
crianças. Para isso, o trabalho coletivo é fundamental. A instituição, seja
pública ou particular, precisa como um todo, através de uma gestão
democrática - que escuta todos os sujeitos (famílias, profissionais e crianças)
- se comprometer com essa proposta.
A escuta e o diálogo são
fatores essenciais para que as Diretrizes possam ser praticadas. Inclusive a
escuta das famílias, com as quais (e as DCNS apontam tão claramente
isso!), devemos compartilhar a educação e o cuidado das crianças pequenas. Essa
escuta permite que conheçamos mais as crianças, que busquemos propostas que
considerem melhor suas singularidades, os hábitos familiares, além de
contribuir para a reflexão de uma outra cultura da infância na comunidade, que
valorize as descobertas da infância, sem que esteja ligada a mera transmissão
ou a quantidade de atividades produzidas pelas crianças, como apontei
anteriormente.
5 comentários:
adorei bem esclarecido e explicado, parabéns!
Esse texto é de grande importância pois trata-se de uma assunto bastante significativo que é o curriculo na educação infantil, que tem como objetivo atender as crianças cuidando sempre, da sua educação, e vendo a criança como um ser social que possui direitos e deveres.
Texto ótimo! Vou visitar sua página outras vezes para complementar meus estudos. Parabéns!
Parabéns, adorei este texto e muito importante para nos professoras de educação infantil.
Amei!ajudou bastante,obrigada!
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