Conta uma história pra mim?
No livro, o pequeno Fonchito morre de vontade dar um beijinho no rosto
de Nereida, a menina mais bonita da escola. Mas como nem tudo é tão
simples, Nereida só aceitará o carinho se Fonchito puder lhe trazer,
nada mais nada menos, do que a lua! Em Lima, capital peruana onde se
passa a história, a lua aparece muito pouco já que o céu quase sempre
está nublado. Mas como nada é impossível, no terraço de sua própria
casa, numa noite de sorte, Fonchito descobrirá uma maneira de conseguir o
que tanto queria.
O ar falta, a boca fica seca, as pernas tremem, e o coração bate forte.
Quem já viveu um grande amor facilmente reconhece esses sintomas. Mas e
quando o amor acontece pela primeira vez? Os sintomas são os mesmos, mas
a intensidade... ah, é muito maior. No espetáculo “Fonchito e a Lua”,
que estreia amanhã em um novo espaço cênico do Centro Cultural Banco do
Brasil, um menino é desafiado a trazer a Lua em troca de um beijo de
Nereida, a menina mais bonita da escola.
LEIA MAIS: A criativa paixão de Fonchito
Idealizada
pelo ator Pablo Sanábio, a adaptação foi inspirada no livro homônimo — e
primeiro com temática infantil — do escritor peruano Mario Vargas
Llosa.
— O livro é pequeno, sem muitas cenas. Partimos dele para
criar outras histórias — conta Sanábio, que interpreta o protagonista,
Fonchito. — Me identifico com o personagem porque também sou muito
apaixonado por tudo — complementa.
Como resume o dramaturgo Pedro
Brício, “é uma história de vencer obstáculos e de conseguir o que
parecia ser impossível. De resolver, criativamente, as coisas”.
O
pano de fundo da historinha de amor é a cidade de Lima, no Peru, onde o
céu é quase sempre nublado, o que torna a missão do pequeno Fonchito
ainda mais difícil.
— Queremos mostrar um pouco mais da América
Latina. Antes de a peça começar, o público se depara com essa cultura,
sua música, sua comida e toda a ambientação criada pelo (estilista)
Ronaldo Fraga especialmente para a montagem — explica Pablo.
O
espanhol também está presente em cena, em um poema de Pablo Neruda e na
passagem em que Fonchito diz ter um cajón (instrumento de percussão) no
peito, referindo-se ao seu coração.
Segundo o diretor Daniel
Herz, o espetáculo atinge a toda a família, por ser repleto de
singularidades e despertar uma identificação imediata e universal.
— O sonho impossível nos acompanha sempre, mesmo quando adultos — conclui. (Patricia Espinoza)
Adélia Prado no Fórum das Letrinhas
Depois de uma sucessão de obras consagradas, em
2006 Adélia lançou seu primeiro livro infantil “Quando eu era pequena” e
em 2011 “Carmela vai à escola”, que foi o destaque na programação de
hoje no Fórum das Letrinhas.
LIVRO DAS PERGUNTAS - Pablo Neruda
Onde a lua cheia deixou
o seu saco noturno de farinha?
Se já estou morto e não sei,
a quem devo perguntar as horas?
Me diga, a rosa está nua
ou tem apenas esse vestido?
Há alguma coisa mais triste no mundo
que um trem imóvel na chuva?
A fumaça fala com as nuvens?
Por que se suicidam as folhas
quando se sentem amarelas?
Quantas abelhas tem o dia?
E é paz a paz da pomba?
O leopardo faz a guerra?
Quantas perguntas tem um gato?
Onde estão aqueles nomes doces
como as tortas de antigamente?
Para onde foram as Donanas,
as Felisbertas, as Bizuzas?
Para quem sorri o arroz
com infinitos dentes brancos?
Como a laranjeira e as laranjas
dividem o sol entre si?
Quem gritou de alegria
quando nasceu a cor azul?
Como ganhou sua liberdade
a bicicleta abandonada?
É verdade que no formigueiro
os sonhos são obrigatórios?
Já percebeste que o Outono
é como uma vaca amarela?
Quem canta no fundo da água
na lagoa abandonada?
De que ri a melancia
quando a estão assassinando?
Posso perguntar ao meu livro
se é verdade que o escrevi?
Então não era verdade
que Deus vivia na lua?
Quando o preso pensa na luz,
é a mesma que te ilumina?
Por que vivem em farrapos
todos os bichos-da-seda?
Onde encontrar uma sineta
que soe dentro de teus sonhos?
A quem posso perguntar
que vim fazer neste mundo?
Há coisa mais boba na vida
que chamar-se Pablo Neruda?
LIVRO DAS PERGUNTAS - Pablo Neruda
Onde a lua cheia deixou
o seu saco noturno de farinha?
Se já estou morto e não sei,
a quem devo perguntar as horas?
Me diga, a rosa está nua
ou tem apenas esse vestido?
Há alguma coisa mais triste no mundo
que um trem imóvel na chuva?
A fumaça fala com as nuvens?
Por que se suicidam as folhas
quando se sentem amarelas?
Quantas abelhas tem o dia?
E é paz a paz da pomba?
O leopardo faz a guerra?
Quantas perguntas tem um gato?
Onde estão aqueles nomes doces
como as tortas de antigamente?
Para onde foram as Donanas,
as Felisbertas, as Bizuzas?
Para quem sorri o arroz
com infinitos dentes brancos?
Como a laranjeira e as laranjas
dividem o sol entre si?
Quem gritou de alegria
quando nasceu a cor azul?
Como ganhou sua liberdade
a bicicleta abandonada?
É verdade que no formigueiro
os sonhos são obrigatórios?
Já percebeste que o Outono
é como uma vaca amarela?
Quem canta no fundo da água
na lagoa abandonada?
De que ri a melancia
quando a estão assassinando?
Posso perguntar ao meu livro
se é verdade que o escrevi?
Então não era verdade
que Deus vivia na lua?
Quando o preso pensa na luz,
é a mesma que te ilumina?
Por que vivem em farrapos
todos os bichos-da-seda?
Onde encontrar uma sineta
que soe dentro de teus sonhos?
A quem posso perguntar
que vim fazer neste mundo?
Há coisa mais boba na vida
que chamar-se Pablo Neruda?
O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ |
Foi o suficiente para que dali nascesse a amizade dos dois, que se aprofunda com o tempo. No outono, os bichos já viam o Gato com outros olhos, achando que talvez ele não fosse tão ruim e perigoso, uma vez que passara toda a primavera e o verão sem aprontar. Durante esse tempo, até soneto o Gato escreveu. E confessou à Andorinha: "Se eu não fosse um gato, te pediria para casares comigo". Mas o amor entre os dois é proibido, não só porque o Gato é visto com desconfiança, mas também porque a Andorinha está prometida ao Rouxinol.
Jorge Amado colheu a história desse amor impossível de uma trova do poeta Estêvão da Escuna, que a costumava recitar no Mercado das Sete Portas, em Salvador, e a colocou no papel com o tom fabular dos contos infanto-juvenis em 1948, quando vivia em Paris. Não era uma história para ser publicada em livro, mas um presente para o filho, João Jorge, que completava um ano de idade. Guardado entre as coisas do menino, o texto só foi reencontrado em 1976. João Jorge entregou então a narrativa a Carybé, que ilustrou as páginas datilografadas. Jorge Amado deu-se por vencido: o livro foi publicado no mesmo ano.
O texto foi adaptado mais tarde para teatro e balé. Esta nova edição preserva as ilustrações magníficas de Carybé, que foram inseridas em novo projeto gráfico de Kiko Farkas. A escritora Tatiana Belinky, grande fã de Jorge Amado assim como deste livro, foi convidada para escrever o posfácio.
O BICHO ALFABETO |
Selecionados a partir do livro Toda poesia e com ilustrações de Ziraldo, os vinte e seis poemas de O bicho alfabeto convidam o pequeno leitor a um passeio surpreendente pela natureza, pelo humor e pela linguagem. E quem decidir se aventurar por essas páginas nunca mais vai ver o mundo do mesmo jeito
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