As
atuais Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI -
Resolução CNE/CEB nº. 05/09, artigo 4º) definem a criança como um
sujeito histórico e de direitos, que brinca, imagina, fantasia, deseja,
aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos
sobre a natureza e sobre a sociedade, produzindo cultura. O
reconhecimento desse potencial aponta para o direito de as crianças
terem acesso a processos de apropriação, de renovação e de articulação
de saberes e conhecimentos, como requisito para a formação humana, para a
participação social e para a cidadania, desde seu nascimento até seis
anos de idade. Além disso, em uma ação complementar das instituições
educativas com as famílias, a comunidade e o poder público, é
imprescindível assegurar o direito das crianças à proteção, à saúde, à
liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à cultura, às artes, à
brincadeira, à convivência e à interação com outros/as meninos/as.
O
posicionamento em relação aos processos pedagógicos na Educação
Infantil parte da concepção de que a construção de conhecimentos pelas
crianças nas unidades de Educação Infantil, urbanas e do campo,
efetiva-se pela sua participação em diferentes práticas cotidianas nas
quais interagem com parceiros adultos e companheiros de idade.
Nesse
processo é necessário reconhecer dois pontos. O primeiro diz respeito
ao modo como as crianças pequenas se relacionam com o mundo, a
especificidade dos recursos que utilizam, tais como a corporeidade, a
linguagem, a emoção. Entender essa forma relacional e afetiva, muito
ligada à vivência pessoal, em que se utiliza um reduzido uso de
categorias para assinalar o que se conhece, é crucial a um trabalho na
Educação Infantil. Nessa etapa, as crianças reagem ao mundo fortemente
guiadas por suas emoções, buscam conhecer diferentes pessoas, adultos e
crianças, adquirem maior autonomia para agir nas práticas cotidianas que
envolvem as tarefas de alimentação, de higiene, na integração do educar
e do cuidar. Nesse período etário, mais do que em qualquer outro, as
interações e as brincadeiras, em especial as de faz de conta, são os
principais mediadores das aprendizagens da criança e se fazem presentes
em todo o tipo de situação: nas explorações de objetos e de elementos da
natureza, no reconhecimento dos comportamentos dos parceiros, no
acompanhamento de uma apresentação musical ou de uma história sendo
contada.
O
segundo ponto chama a atenção para o reconhecimento de que o conjunto
dos discursos e das práticas cotidianas vivenciados nas instituições
educacionais conforma um contexto que atua nos modos como as crianças e
os adultos vivem, aprendem e são subjetivados, desde o nascimento, com
fortes impactos para sua própria imagem e para o modo como se relacionam
com os demais. Em função disso, o foco do trabalho pedagógico deve
incluir a formação pela criança de uma visão plural de mundo e de um
olhar que respeite as diversidades culturais, étnico-raciais, de gênero,
de classe social das pessoas, apoiando as peculiaridades das crianças
com deficiência, com altas habilidades/superdotação e com transtornos de
desenvolvimento.
Esses
pontos guiam o modo de as crianças conhecerem o mundo social e físico e
se apropriarem das diferentes linguagens e tecnologias que aí circulam e
podem ajudá-las a desenvolver atitudes de solidariedade, de respeito
aos demais e de sustentabilidade da vida na Terra. Para isso, elas
precisam imergir nas situações, pesquisar características, tentar
soluções, perguntar e responder a parceiros diversos, em um processo que
é muito mais ligado às possibilidades abertas pelas interações infantis
do que a um roteiro de ensino preparado apenas pelo/a professor/a. Daí
que o currículo na Educação Infantil acontece na articulação dos saberes
e das experiências das crianças com o conjunto de conhecimentos já
sistematizados pela humanidade, ou seja, os patrimônios cultural,
artístico, ambiental, científico e tecnológico (DCNEI, Art. 3º).
Essas
considerações fundamentam os três princípios que devem guiar o projeto
pedagógico da unidade de Educação Infantil propostos nas DCNEI
(Resolução CNE/CEB 05/09, artigo 6º):
- éticos (autonomia, responsabilidade, solidariedade, respeito ao bem-comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades);
- políticos (direitos de cidadania, exercício da criticidade, respeito à ordem democrática);
- estéticos (sensibilidade, criatividade, ludicidade, liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais).
Tais
princípios embasam os temas, as metodologias e as relações que
constituem o modo de gestão das turmas e das unidades e a programação
dos ambientes no dia a dia da unidade de Educação Infantil.
Um comentário:
muito bom adorei seus temas !vou visitar sempre seu blog parabénsssss
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