sábado, 4 de fevereiro de 2012

O uso da agenda com as crianças da Educação Infantil.

Início de ano escolar, turma nova, professora nova, tudo novo. É preciso se conhecer, compartilhar informações sobre cada um e aí precisamos de um objeto fundamental; a agenda. É ela que irá conter, a princípio, as informações básicas de cada criança. Também é importantíssima na comunicação entre a família e a escola. Mas será que é só isso? O que mais podemos fazer com este instrumento?  Será que o uso deste instrumento é compreendido por professores e família?
Abaixo, mais um post interessante sobre a agenda escolar.

Agenda Escolar, pra que mesmo?
Por Maria Cristina Santos
A educação infantil exercida por creches e pré-escolas é considerada um direito de toda criança de 0 a 6 anos, garantir esse direito implica considerar a família como base afetiva e de referencia primária à sua individualidade e socialização.
Para que a criança se beneficie dos dois contextos (familiar e institucional), é necessário que se estabeleça uma parceria entre ambos, principalmente quando se trata dos menores que não tem sua oralidade desenvolvida.
Segundo Maranhão e Silva “o cuidado e a educação de crianças menores de seis anos requerem comunicação diária entre educadores da infância e a família, para que seja possível identificar necessidades, saber como atendê-las, combinar determinados cuidados e a forma de oferecê-los.”
É consenso entre os educadores que a agenda escolar é um canal de comunicação.
Mas como isso se dá na prática?
A partir de algumas inquietações passei a pesquisar na instituição na qual atuo.

O que o professor escreve na agenda para a família?
  • Recados institucionais;
  • Ocorrências (acidentes, mordidas);
  • Solicitação de parceria em atividades ocasionais;
  • Recados carinhosos;
  • Comunicado de extravios de roupa ou objetos pessoais;
  • Solicitando roupas adequadas segundo o clima;
  • Raramente um agradecimento;
  • Pouca comunicação para falar da criança e seu desenvolvimento.

O que os pais escrevem para o professor?
  • Extravio de pertences pessoais;
  • Poucos questionamentos sobre a rotina da criança;
  • Agradecimento;
  • Comunicado sobre a saúde da criança;
  • Esclarecendo sobre a ausência da criança;
  • Raramente questionam sobre o bem estar da criança ou seu desenvolvimento.
Questionei os professores o que eles consideram importante informar as famílias para estabelecer uma parceria:
  • O que está acontecendo na sala de convivência e a importância destas atividades no desenvolvimento da criança;
  • Sobre a saúde da criança, levando em consideração o conceito de saúde segundo a OMS, a qual define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades”;
  • Sobre a rotina da instituição;
  • Os avanços da criança, seja na oralidade, nas questões referentes a autonomia e autocuidado ou em outros campos do conhecimento;
  • Estabelecer combinados entre família e educadores.
Novamente questionei os professores sobre o que eles acreditam ser necessário saber da família para identificar as necessidades da criança e assim qualificar o atendimento da mesma:
  • Questões relativas à saúde da criança;
  • Problemas que possam afetar o comportamento da criança;
  • Observações sobre o desenvolvimento da criança em casa;
Como podemos observar existe um descompasso entre a função da agenda e como a mesma é utilizada de fato.
Novas inquietações surgiram.
Questionei os professores sobre quais entraves para que a agenda seja de fato um instrumento de comunicação com a família?
  • Falta de tempo;
  • Um professor não sabe o que aconteceu com a criança no turno do outro professor;
  • Número grande de agendas para escrever diariamente;
  • Muitas famílias não enviam agenda;

Quais as estratégias poderíamos pensar para dinamizar o uso das agendas?
  • Envolver as crianças de forma que elas retirem as agendas das bolsas pela manhã e guardem a tarde e percebam que seus professores estão fazendo uso das mesmas para estabelecer um canal de comunicação com as famílias;
  • Utilizar o caderno de intercorrência na comunicação entre os dois professores do agrupamento;
  • Os professores do agrupamento devem estabelecer combinados sobre o que e como escrever na agenda, sendo que em alguns casos os mesmo deverão primeiro conversar para depois responder a família;
  • Professores da manhã ao receberem as agendas e verificar se existe recado direcionado a ele ou algum problema com a criança;
  • Professor da tarde escreve nas agendas na hora do sono;
  • A agenda canal de comunicação oficial, visto que faz parte da lista de material individual enviado pela secretária de educação.
A escrita deve ser profissional, algumas dicas:
  • Seja cordial;
  • A comunicação deve ser clara e objetiva;
  • Lembrar que antes de ser pai ou mãe existe uma pessoa com identidade própria, escrever o nome do pai, mãe ou responsável pela criança torna a comunicação mais pessoal;
  • A comunicação se dá entre dois adultos, por isso não é interessante infantilizar com palavras no diminutivo, termos chulos. 
  • Ao pensarmos procuramos estabelecer uma comunicação com um leigo, evite termos técnicos ou o chamado “pedagogês”.

Para saber mais
Maranhão, Damaris Gomes e Siva, Conceição Vieira_ A interação da creche e da pré-escola com a familia – Revista Pátio Educação Infantil – ano IX Janeiro/março de 2011
Santos, Lana E. Creche e pré- escola: Uma abordagem de saúde. São Paulo: Artmed, 2004
Goldeschied, E.; Jackson, S. Educação 0 a 3 anos: atendimento em creche. Porto Alegre: Artmed, 2006.

 
Revisão do texto: Quitéria Campanaro

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