domingo, 22 de setembro de 2013

Leitura para crianças pequenas

O prazer da leitura se ensina
Adriana Maricato* Brasília/DF

Quanto mais cedo histórias orais e escritas entrarem na vida da criança, maiores as chances de ela gostar de ler. Primeiro elas escutam histórias lidas pelos adultos, depois conhecem o livro como um objeto tátil "que ela toca, vê, e tenta compreender as imagens que enxerga", diz Edmir Perrotti, professor de Biblioteconomia da Universidade de São Paulo (USP) e consultor do MEC. "As crianças colocadas em condições favoráveis de leitura adoram ler. Leitura é um desafio para os menores, vencer o código escrito é uma tarefa gigantesca."

A criança lê do seu jeito muito antes da alfabetização, folheando e olhando figuras, ainda que não decodifique palavras e frases escritas. Ela aprende observando o gesto de leitura dos outros – professores, pais ou outras crianças. O processo de aprendizado começa com a percepção da existência de coisas que servem para ser lidas e de sinais gráficos.
Para Magda Soares, do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (Ceale/UFMG), esse aprendizado chama-se letramento: "É o convívio da criança desde muito pequena com a literatura, o livro, a revista, com as práticas de leitura e de escrita". Não basta ter acesso aos materiais, as crianças devem ser envolvidas em práticas para aprender a usá-los, roda de leitura, contação de histórias, leitura de livros, sistema de malas de leitura, de casinhas, de cantinhos, mostras literárias, brincadeiras com livros. Edmir afirma que "a criança pode não saber ainda ler e escrever, mas ela já produz texto: ela pensa, fala, se expressa".
Segundo Magda, um programa de formação de leitores deve se preocupar também com o desenvolvimento do professor como leitor, "porque se a pessoa não utilizar e não tiver prazer no convívio com o material escrito, é muito difícil passar isso para as crianças".

A descoberta coletiva da leitura e da escrita
 Algumas crianças não têm ambiente favorável à leitura em casa, mas há outras que ouvem histórias lidas pela família. "Se for criado um ambiente de leitura nas escolas, as crianças levarão a prática para suas casas. E vice-versa, haverá crianças que trarão leitura para a escola", argumenta Jeanete Beauchamp, diretora de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC).
"É preciso desmanchar essa ideia do livro como objeto sagrado; é sagrado sim, mas para estar nas mãos das pessoas, ser manipulado pelas crianças".

Magda Soares

Participar de grupos que usam leitura e escrita é, de acordo com Ester Calland de Souza Rosa, professora do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o caminho do aprendizado. Na escola, a criança deve ser rodeada de livros e materiais em espaços de leitura, seja biblioteca, sala ou um cantinho dentro da sala de aula. Para Magda, "o papel da professora é intermediar o contato do aluno com a escrita e a leitura, colocar o livro disponível e orientá-la no seu uso, no convívio com o material escrito". As atividades são várias: contar e ler histórias, folhear, mostrar o material, buscar informação, usar material escrito de diferentes gêneros, como acontece no Sementinha do Skylab, em Pernambuco.  

"Mesmo que a professora saiba a resposta, é a primeira oportunidade para dizer ‘vamos buscar na enciclopédia, que traz informação’", diz a pesquisadora mineira.
O medo de a criança rabiscar e rasgar os livros faz os professores criarem dificuldades de acesso ao material. Essas restrições acabam mostrando o contrário do que deveria ser: que a leitura é difícil, chata, porque não pode tocar no livro. "Vai estragar sim porque ela ainda não tem os hábitos e a habilidade motora para lidar com o livro", esclarece Magda. Mas é também a oportunidade de a professora ensinar a criança a respeitar o livro e como manipulá-lo sem rasgar, "senti-lo como alguma coisa familiar". Assim a criança entra no mundo da literatura, da escrita, do livro.

Quando a criança está na fase de experimentação inicial, os de durabilidade maior – feitos de pano, de plástico, emborrachado, de papelão duro – são mais adequados. A experiência do Centro de Educação Infantil Hilca Piazero Schnaider, em Blumenau (SC) é exemplar.

 

Literatura para bebês, livros para pais
Marli Henicka Blumenau/SC   
A primeira coisa que os bebês do Centro de Educação Infantil (CEI) Hilca Piazero Schnaider, de Blumenau (SC) fazem quando pegam um livro é colocá-lo na boca. Mas isso quando têm quatro ou cinco meses, porque com dez eles já querem ler sozinhos. De tanto que gostam das histórias, nessa fase eles nem esperam a professora terminar a leitura para tomar dela o livro e com seus próprios dedinhos apontar para as figuras e imitar os sons. "Seis meses depois do primeiro contato com os livros alguns já ficam na frente da estante apontando e pedindo para eu ler uma história", conta a professora Valdirene Passamai Knott.
A turma atual tem 12 bebês de 0 a 2 anos. No início, eles recebem livros bem coloridos de materiais resistentes como plástico, tecido ou madeira para brincar e morder à vontade. Aos poucos, a professora começa a mostrar e a dar nome às figuras, ensina a folhear e só depois inicia a leitura. "A intenção é criar um vínculo entre a criança e o livro para que ela se torne um adulto com paixão pela leitura", diz Maristela Pitz dos Santos, diretora do CEI.
A creche é pública e atende em período integral 80 crianças. A maioria não tem livros em casa nem o estímulo dos pais para a leitura, o único contato com a literatura acaba sendo o da sala de aula. Os cerca de 150 livros do acervo foram comprados com recursos doados pelos pais por intermédio da associação de pais e professores ou com a renda obtida na venda de materiais reciclados. Todo mês pelo menos dois novos livros comprados ou adquiridos em sebos são acrescentados. "São obras de qualidade, resistentes, que tenham ilustrações com nuances de cor, textos interessantes e histórias intrigantes, que não sejam bobinhas", diz a diretora. A creche ainda não tem biblioteca, os livros ficam numa caixa que circula pelas salas de aula.
Já no Centro de Educação Infantil Olga Bremer, também mantido pela Prefeitura de Blumenau e que atende 250 meninos e meninas, as professoras desenvolvem um projeto com crianças de 4 e 5 anos no qual os pais são diretamente envolvidos na leitura. A partir do segundo bimestre letivo, todo final de semana, uma criança leva para casa um clássico da literatura infantil para que o pai ou a mãe leia para ela. Na segunda-feira, ela deve recontar com suas palavras a história para os colegas. "O maior objetivo é que os pais percebam a qualidade das histórias que estão sendo trabalhadas com seus filhos", diz a professora Ilda de Carvalho Silva. O aluno que vai levar o livro é escolhido por sorteio; já a escolha da obra fica por conta do gosto da criança e não há problema se ela já tiver levado o livro antes.
 

Mesmo livros de papel são úteis para os pequeninos porque a professora pode folheá-los, ler a história, mostrar o livro, ensinando zelo pelo objeto. "Todo suporte de texto é fundamental para a criança de Educação Infantil", diz Rosana Becker, pró-reitora de Graduação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), associada à Rede Nacional de Formação Continuada do MEC.
 O trabalho com o livro de literatura infantil exige preparo, ensinando para as crianças o que é um material para ser lido e não para ser rabiscado. "A criança precisa experimentar a escrita também, mas vai ser no papel sulfite ou craft, no caderno de desenho, na lousa, no chão", diz Rosana, "e não no livro".

 

Textos bons e diversos

Para as crianças cujas famílias têm baixa escolaridade ou são analfabetas, a escrita pode parecer inútil porque elas não conhecem o "gesto de leitura" em casa. Na escola, a criança deve crescer num ambiente em que veja que a leitura e a escrita estão presentes em muitas situações, "tanto nas lúdicas – leitura de livros de história, poesia, brincadeira com trava-línguas e parlendas – até os usos mais sociais – jornal, listas, cartazes", afirma Ester.
As crianças querem ouvir histórias desde pequenas, mas essas histórias, segundo Magda, "têm de ser adequadas, com tamanho adequado, contadas ou lidas da maneira adequada à idade" para elas gostarem da atividade. "A criança precisa muito de fantasia e de imaginação".
Semente de leitoresAntes de tudo, um aviso: não há um herói na "historinha" que contamos a seguir. Não existe uma professora para servir de fio condutor no relato das experiências da Sementinha do Skylab. A ausência está ligada à trajetória da própria creche: como tantas, ela surgiu em 1988 a partir da luta da comunidade, ameaçada por um projeto de reurbanização. O esforço coletivo vitorioso marcou a vida de todos – a tal ponto que os professores pediram para não serem retratados individualmente.
Essa, no entanto, foi a única exigência feita ao repórter. No restante daquela manhã de verão, só encontrei portas abertas, boa vontade e... livros expostos nas paredes das salas arejadas dos grupos 1 (crianças de 1 a 2 anos), 2 ( de 2 a 3), 3 (de 3 a 4) e do berçário. Para o visitante, não resta dúvida: o manuseio de livros é parte do cotidiano da Skylab. Todo dia, confirmam os professores, são criadas situações de leitura, ou durante "A hora do conto" – após as atividades musicais e corporais, quando crianças e/ou professoras narram histórias nas salas – ou nos períodos de livre escolha, em que há a preocupação de se reservar tempo e espaço para o ato de ler.
Tanto cuidado, claro, não surgiu do nada. Primeiro, é bom notar que as professoras têm formação superior – inclusive com cursos de formação continuada – e são leitoras. Segundo, o governo do Estado de Pernambuco, principalmente nos anos entre 1993 e 1996, elaborou políticas com ênfase na formação docente e na organização de acervos. Juntos, esses dois fatores foram decisivos nas experiências da creche nesse campo, inclusive na mais importante delas, a Mostra de Livros da Sementinha.
Sua primeira edição aconteceu em 1999, como produto de uma reavaliação do projeto pedagógico, que apontou a necessidade de se ampliar o trabalho de leitura. Crianças, pais e funcionários são incentivados a escrever. Veja bem, não é uma tática para ampliar a capacidade de escrita. É parte da estratégia de incentivo à leitura. Até hoje, a estrutura básica da Mostra permanece: as crianças são envolvidas numa série de atividades (visitas a bibliotecas públicas e a editoras; conversas com escritores, inclusive com escritores-mirins; teatro de fantoche mostrando a importância do livro, personagens narrando contos de fadas...) capazes de reforçar o prazer de ler.
Ao mesmo tempo, elas são convidadas a criar histórias, convite que, nas edições mais recentes, foi estendido aos funcionários e aos pais dos alunos. Esse material é transformado em livros artesanais pela Editora Sementinha, incorporado ao acervo da Skylab e, importante, trocado com outras creches. Além disso, são organizadas campanhas de doação de livros para a biblioteca (que também atende a pais e funcionários) e oficinas de leitura com os pais, tarefas básicas numa comunidade de baixa renda, onde livro é artigo de luxo.
Tudo isso deságua na própria mostra de livros. Concebida e desfrutada coletivamente pela comunidade, ela serve como exemplo de estratégia de incentivo de baixo custo e integradora, capaz de reunir ao prazer da leitura – e aí temos um dado fundamental para sua eficácia! – as delícias do ato de narrar. É assim que a comunidade do Skylab faz uma semente germinar, crescer e dar frutos: a do gosto de ler histórias, primeiro passo para que se possa criar, mais tarde, uma outra história...
Livros de literatura infantil, contos de fadas, fábulas e contos do folclore favorecem a fruição estética. Becker alerta: nessa fase de audição de narrativa, a professora não pode escolher livros apenas para ensinar algo como higiene, cuidado ou valor moral.
Ester sugere o uso de textos rimados porque os mais novos podem memorizar o texto. "Aí ela faz de conta que está lendo, mostra com o dedo num cartaz ou livro sabendo que o texto está escrito ali". A criança vai progressivamente identificando os sinais gráficos, uma letra, uma palavra, sons que se repetem, e começa a perceber as regularidades da língua. "Assim você faz essa passagem da oralidade para a escrita", sintetiza a professora da UFPE.

Mesmo que narrativas e poemas sejam prioridade nas atividades de leitura, Magda chama a atenção dos professores para não se trabalhar exclusivamente com o que diverte e agrada. Os alunos precisam ter contato com textos impressos não literários que têm diferentes funções e objetivos. Revistas infantis, em quadrinhos, propaganda, embalagens, receitas, bulas de remédio, certidão de nascimento também devem ser objetos de experimentação. "Revistas e jornais, a princípio para adultos, têm muita ilustração, muito texto, a criança gosta de manipular e até de recriar", diz ela, "recortando figuras, letras, palavras".
Familiarizada com a diversidade de textos que existem – suportes diferentes (cartaz, livro, jornal, revista, etc.), variedade de formato e tamanho de letras, composição gráfica, disposição da imagem em relação ao texto –, a criança deduz o funcionamento da escrita. "Mesmo antes de ler e escrever de forma autônoma, ela descobre coisas sobre o código justamente em contato com esses tipos diversos de materiais", diz a pesquisadora de Pernambuco, "e não só aqueles que foram produzidos especificamente para a escola, como abecedários e jogos com letras".
Acolher o interesse dos pequenos
"O espaço de leitura tem de ser extremamente acolhedor, preparado na medida da criança; ela não pode encontrar obstáculos nem sentir medo de chegar ali", afirma Edmir. A biblioteca do Colégio Termodinâmica, em São Bernardo do Campo (SP) é um bom exemplo. As regras de uma biblioteca para adultos – silêncio e imobilidade – não valem para crianças, principalmente as mais novas. O espaço deve ser convidativo e confortável, permitir que elas circulem e falem. "E tem de ser um lugar de muita interação, onde adulto apoia e compartilha, ajudando a encontrar o caminho da leitura", detalha o especialista.
Seja uma biblioteca, uma sala exclusiva ou o cantinho da sala de aula, as regras são negociadas com os alunos, educando a criança para a participação. O respeito pelo interesse dos pequenos garante que a leitura esteja associada à escolha e ao prazer.

O contrário disso é o espaço que associa leitura a obrigação, exigindo que a criança fique amarrada na cadeira, quieta, sem se relacionar com os objetos culturais. "Não pode. O material tem de estar na altura da criança", diz Edmir.

A organização deve incorporar a ideia de leitura como atividade dinâmica, diferente em cada idade, presente em vários materiais e situações da vida. Além de iluminação, ventilação e limpeza, o espaço precisa ter uma linguagem adequada: cores, dispositivos com materiais organizados de forma lógica à disposição dos usuários. Essas ideias foram testadas num laboratório da Creche-Oeste da USP, na capital de São Paulo, e foram posteriormente difundidas para outras escolas desse estado.

O que faz a diferença no espaço de leitura não são recursos fartos, mas criatividade: "Se tiver dinheiro, você compra o móvel; se não tem, inventa. A gente não tinha um tostão". Um mutirão dentro da própria creche montou a sala de leitura: a partir do tema "floresta", a sala de leitura ganhou painel com um lobo de feltro confeccionado em três pedaços, almofadas, trilhos de cortina colocados invertidos que servem de suporte para expor os livros novos que chegam, caixotes coloridos para pôr livros, cada cor correspondente a determinado gênero (conto de fada, poesia, livro de informação). Um móbile no teto criou mais um apelo visual. "Ficou um lugar gostoso, as crianças iam e não queriam sair", recorda o professor da USP. A creche também tem cantinhos de leitura em cada sala de aula.

Para Edmir, essa mesma lógica de relação com outras linguagens e equipamentos precisa estar nesse local. Se não há recursos para equipar o espaço com televisão, vídeo, aparelho de som, álbum de fotos, computador e internet, é preciso começar com livros, mas sabendo que faltam outros elementos: "Se um canto de leitura é o único espaço possível que você tem dentro da escola, então comece por aí".

Bem-vinda, leitura
Coruja, coruja, venha à minha festa! Obrigado, irei sim, se você convidar a Chapeuzinho. Chapeuzinho, Chapeuzinho, venha à minha festa! Obrigada, irei sim, se você convidar as crianças. Crianças, crianças, venham à minha festa! Irei sim, se você convidar... a bruxa! Os colegas de turma da pequena Gabriele Trindade Pereira, 6 anos, explodem em gostosas gargalhadas ao ouvir o término da história narrada pela amiguinha.
É pra lá de lúdico o ambiente da biblioteca infantil do Colégio Termomecânica, localizado no bairro Alvarenga, em São Bernardo do Campo (SP). Mantida pela Fundação Salvador Arena – que leva o nome do engenheiro fundador da empresa, fabricante de ligas metálicas não ferrosas –, ela foi inaugurada em abril de 2003 e acolhe duas vezes por semana 65 alunos do colégio e os 48 da Escola Infantil Salvador Arena, todos entre 5 e 6 anos e, além de atender cerca de 400 alunos do Ensino Fundamental. Ambos são localizados no mesmo bairro Alvarenga, contudo os critérios de seleção são diferentes. "Em 2004, 4,2 mil crianças concorreram às 65 vagas do colégio", diz a coordenadora Heloísa Villas Boas. Já a Escola Infantil privilegia os moradores da favela recentemente urbanizada que divide muros com a instituição. "Abrimos 40 vagas anuais no maternal, que ano passado foram disputadas por 300 pessoas", conta a diretora, Ângela Maria Guariglia. Tanto no colégio quanto na escola infantil as vagas são decididas por sorteio.

Muito além dos livros
A infoeducadora Cláudia Aparecida Branco Guedes explica que o propósito da biblioteca é possibilitar às crianças o contato com variadas formas de informação, como internet, revistas, CD-Rom, fitas de vídeo, além dos livros e gibis infantis adorados pelos freqüentadores. No quesito obras literárias, a escolha prima pela diversidade. "No começo foram selecionados 2,5 mil títulos. Hoje são mais de 3 mil obras", conta a bibliotecária Miriam da Silva.
Por meio de atividades como contar histórias, pesquisar, assistir a filmes, desenhar e, claro, manusear os livros, os professores facilitadores procuram construir paulatinamente o entrosamento dos pequenos com o universo da leitura. Tudo a seu tempo, claro. "A ideia não é alfabetizar as crianças, mas respeitar os repertórios que trazem de casa e estimular a vontade de ler e decifrar conteúdos", explica Cláudia. Além das duas visitas semanais, a criançada retira exemplares, que podem curtir em casa de quinta a segunda-feira, o que permite a participação da família no processo. Afinal, há pais que trabalham o dia todo e só têm os finais de semana para compartilhar essa atividade com os filhos.
Para manter a ordem impecável da biblioteca, a infoeducadora conta com o auxílio simbólico de Chiquinho, um simpático fantoche que fica empoleirado sobre sua mesa que faz às vezes de coordenador durão, ensinando os pequenos a desfrutar do material, mas também a preservá-lo. A biblioteca fica aberta na hora do almoço das crianças, quando os pequenos alunos precisam de uma senha – geralmente carregada no bolsinho detrás da calça do uniforme – para usufruir do espaço. Em tempo: as estantes foram planejadas para que os petizes se sirvam à vontade, com autonomia e liberdade, de contos de fadas a biografias, de ciências a autores indígenas. 
Ao final da entrevista, os alunos, debruçados sobre seus livros favoritos, são convidados a retornar à sala de aula. A queixa por abandonar o espaço é geral. Espontânea e sabendo que semana que vem tem mais, a pequena Gabriele não perde tempo e sapeca: "Esta história entrou por uma porta e saiu por outra. Quem quiser que conte outra".
Seja uma biblioteca, uma sala exclusiva ou o cantinho da sala de aula, as regras são negociadas com os alunos, educando a criança para a participação. O respeito pelo interesse dos pequenos garante que a leitura esteja associada à escolha e ao prazer.

 

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