sábado, 16 de abril de 2016

Sobre o s bebês

O bebê também precisa brincar sozinho
Os bebês encantam as pessoas. O cheirinho, o sorriso, o olhar. É irresistível! Ele é sedutor e retribui com um sorriso, como se estivesse dizendo: “Fique comigo! Me pegue! Não me abandone...”. 
Este relacionamento mutuo é muito importante para o desenvolvimento do bebê, pois essa troca de olhares e sorrisos é o que convida o bebê para se interessar pelo mundo e conhecer a si mesmo. Um bebê precisa se sentir protegido e amado, desfrutar de muito carinho e afeto e construir relações estáveis com pessoas em um ambiente seguro, repleto de amor e dedicação. Mas o bebê precisa também de um tempinho só para ele. Um tempinho para se auto conhecer e tentar entender as coisas que acontecem ao seu redor. Tempo para analisar a luz do quarto que acende e apaga, para descobrir sua mãozinha que vira e mexe passa em frente de seus olhos, morder o pé, para se apropriar dos sons ao redor e das pessoas que constantemente estão com ele. Ele se diverte e se ocupa com brinquedos que nem são brinquedos. O bebê tem sua curiosidade natural e desta forma é capaz de ocupar-se seguindo seu próprio interesse. Mas ele precisa de oportunidade para desenvolver esta capacidade de ocupar-se. Ele precisa de tempo e tranquilidade, espaço e liberdade de movimento... Se pararmos para observar as atividades do bebê sem interferir, podemos observar um espetacular processo de aprendizagem. Ele tenta realizar uma experiência, analisa o resultado, repete para ver se obtém o mesmo resultado... Ele aprende a aprender imperceptivelmente, incorporando nas suas experiências suas percepções e as características dos objetos com os quais ele se habituou, criando desta forma uma capacidade de construção de pensamentos lógicos e dedutivos. E quando isto acontece, o bebe passa a realizar suas próprias ações, conquistando independência e autonomia para criar suas hipóteses. Este é o inicio da curiosidade humana e do comportamento questionador manifestando nos bebês. Porém, muitas vezes o adulto acaba interferindo em relação a qual brinquedo o bebê se interessa ou o que ele faz com este brinquedo, “ensinando o jeito certo de brincar”. Ao oferecer o “conhecimento digerido” o adulto interrompe o processo de formação do raciocínio do bebê, não dando tempo para a descoberta. A inteligência do adulto não substitui a atividade própria da criança, na qual a construção de hipóteses é tão importante quanto o resultado. Por exemplo, explorar um pote antes de saber sua função pode trazer outras perspectivas e descobertas: pode vir a ser um chapéu, um tambor... Sem perceber estamos ensinando nossa lógica já aprendida para o bebê que está aprendendo a descobrir como as coisas acontecem, impedindo este processo de exploração, questionamento e aprendizagem. É importante que o bebê participe mais, escolha, e tenha tempo para encantar-se com as coisas. O bebê é um cientista nato e precisa fazer experiências próprias para descobrir o mundo... um bebê que tem a oportunidade de explorar os objetos, cores, texturas, sons, cheiros, com tempo e o espaço necessário para experimentá-los, está trilhando o caminho para ser uma criança curiosa, que pensa e inventa, com a oportunidade criar de associações, observar detalhes e perspectivas que nuca imaginaríamos... E o adulto? O adulto é seu parceiro nesta descoberta. Aquele que constrói o ambiente com diversas oportunidades e valida suas experiências e seu desejo de fazer. Sendo assim, na hora de brincar com o seu pequeno, dê um passo para trás! Faz parte do amor e investimento na infância deixar o pequeno “se virar”. Dê tempo e oportunidade para que seu filho experimente, questione, analise e crie seu jeito particular de perceber o mundo!

Nadja Azevedo
Fisioterapeuta/Psicomotricista
Equipe Una Primeira Infância

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