sábado, 22 de setembro de 2012

Cabana!!! Oba, hoje tem brincadeira do lado de fora.

As crianças do CEI tem espaço garantido para o Brincar. Aqui o Brincar é coisa séria!
Veja onde e de que as crianças brincaram esta semana:
Sustentando nossa prática.
A criança e a brincadeira

Embora estejamos tratando das especificidades da criação plástica, dos materiais, do suporte, do modo como linhas e cores são organizados no espaço, regidos pela gestualidade e/ou pela imaginação criadora da criança, é importante reconhecer que um pensamento plástico e a gestualidade também estão presentes em outras atividades infantis, tais como a brincadeira.

Como o tempo de brincar tem sido vivido em sua UE?

Essa é uma pergunta bem complexa, pressupõe conhecermos o que, afinal, se entende por jogo e brincadeira e, em seguida, como o adulto propicia à criança o tempo para o brincar.O estudo de algumas dessas idéias trazem alguns observáveis importantes para se qualificar as brincadeiras. Vê-se a importância dos materiais, das interações, do papel do adulto, das decisões das crianças, do modo como entram na situação lúdica.

 Qual é o jogo das crianças na situação? Como elas decidem brincar? Como elas significam os materiais utilizados no jogo? Como se dá a interação das crianças no desenvolvimento do jogo? De que forma a cultura está presente na situação?

Refletir sobre tempo para brincar pressupõe reconhecer que não se trata apenas de uma questão de rotina, de tempo cronológico, da programação dos minutos que se fica no parque, na casinha, no pátio, ou seja lá o que for. É preciso pensar na regularidade, mas não se pode confundir com a simples repetição. Brincar todo dia não deve significar brincar sempre do mesmo modo, afinal, o jogo não é natural nem espontâneo. Também há muito que aprender, viver, compartilhar para brincar mais, de maneira mais complexa, mais plástica e expressiva.
Pensemos não apenas na quantidade das horas que cada dia pode oferecer ao brincar infantil, mas, principalmente, na regularidade desse tempo, cuidada pela intenção do professor.
Na U.E. como e quando as crianças têm brincado? Como cada professor vê o movimento, o
sentimento, o pensamento e a expressão de tantas linguagens nas brincadeiras infantis nas diferentes turmas?
É comum que os adultos pensem que não se brinca mais hoje em dia como se brincava em outros tempos. Mas se for feita uma investigação com os professores, famílias e crianças, não para levantar apenas os jogos tradicionais que os avós e bisavós brincavam, mas, principalmente, as atuais brincadeiras que se popularizam entre as crianças do bairro, nos finais de semana, na sua comunidade, pode-se compreender a cultura lúdica das crianças.
 
O olhar do Coordenador Pedagógico para a brincadeira na sua UE
Garantir um espaço de brincadeira na escola é garantir a educação numa perspectiva criadora, em que a brincadeira é o lugar de socialização, da administração da relação com o outro, da apropriação e produção da cultura, do exercício da decisão e da criação. O professor pode intervir nesse tipo de atividade para enriquecê-la e alimentar o envolvimento da criança.
Contudo, como fazer isso sem que a brincadeira perca suas características fundamentais, em especial sua potencialidade para propiciar uma aprendizagem própria a essa modalidade de expressão cultural?
Como elemento integrante da cultura e como parceiro mais experiente da criança, o professor pode e deve intervir de modo a viabilizar, enriquecer e ampliar o tempo e a qualidade das brincadeiras nas Unidades de Educação Infantil.
Um importante fator a ser considerado como intervenção do professor na brincadeira, é o modo como é organizado o tempo e o espaço para brincar. Como as crianças têm vivido esse tempo? Como é organizado o espaço para alimentar o desenvolvimento da brincadeira? Em que momentos jogos e brincadeiras acontecem? Onde e como é a organização do espaço e dos materiais destinados a eles? A organização do tempo e do espaço para a brincadeira nesse grupo está favorecendo às crianças a vivência plena da brincadeira? O que seria necessário alterar na rotina e na organização do espaço para transformar e enriquecer a experiência das crianças desse grupo em relação à brincadeira?
O trecho apresentado a seguir é uma síntese feita por Ieda Abbud sobre o papel do professor no brincar da criança, com base nos textos de Ferraz, Beatriz (1999), Post & Hohmann (2003) e Bondioli & Mantovani (1998).
Alguns modos intervenção, direta ou indireta, do professor na brincadeira são:

Incitação

A sugestão (e não a imposição) de novos elementos pode alimentar a brincadeira ajudando as crianças a desenvolverem-na nessa ou naquela direção. Isso pode ser feito por meio da oferta de um novo material, proposta de modificação de um enredo ou de determinados papéis etc. Ao observar uma situação de crianças brincando de cozinhar, por exemplo, mexendo em uma panela com uma colher, o professor pode sugerir ou mostrar que quem quiser pode utilizar o forno para passar. A professora estaria servindo de modelo de imitação e assim dando oportunidade para que as crianças incorporem essa ação em seu repertório de brincadeira. É importante ressaltar que a criança deve sempre tomar a decisão se aceita ou não a proposta do professor.
É importante que o professor tenha uma observação atenta da brincadeira livre da criança para que possa pensar em sugestões atrativas e convenientes que despertem na criança o desejo de incorporá-las em sua brincadeira. Porém é preciso tomar cuidado com a forma e freqüência que o professor realiza esse tipo de intervenção. O tom e a freqüência exagerada das sugestões do professor no rumo da brincadeira podem descaracterizá-la como atividade em que a criança brinca, experimenta, modifica a realidade.

Co-autoria

O professor pode brincar com a criança, de preferência quando for convidado pela criança a fazê-lo. Com esse convite a criança já delimita o papel do professor e demonstra que quer um parceiro mais experiente para brincar junto com ela. O professor deve entrar na brincadeira como um co-ator, um ator co-adjuvante, que representa junto com a criança, porém com seu modo adulto de agir. O professor não precisa se infantilizar para participar da brincadeira, mas deve entender a linguagem da brincadeira da criança e atuar junto com ela, representando como um adulto. O professor deve ser capaz de entrar no jogo infantil, sem interferir demais nos rumos da brincadeira, deixando a criança livre na escolha dos temas, na distribuição dos papéis, no controle do andamento.
 
Organização do espaço e materiais
A organização do espaço e dos materiais é reveladora do que se pretende oportunizar às crianças. O professor deve organizar o espaço e os objetos que estarão à disposição da criança de modo a aumentar a probabilidade de desenvolvimento amplo, criativo e voluntário da brincadeira.
Além de acessíveis às crianças, os objetos devem ser variados para possibilitar uma diversidade de ações e arranjos e conseqüentemente de tipos de brincadeira. Podem incluir: brinquedos simbólicos, jogos de construção, jogos de regras, materiais não estruturados que possibilitem múltiplos usos e diferentes ações sobre eles, como tecidos, caixas, sucatas diversas, tábuas, bancos, etc.
Os arranjos espaciais também devem promover diferentes interações entre as crianças. Espaços amplos e pequenos, semi-abertos, possibilitam a realização de atividades em pequenos grupos, no grande grupo ou em atividades individuais. A organização do espaço e a disponibilização de materiais determinados podem funcionar como elementos importantes na incitação de determinada brincadeira, para chamar a atenção das crianças sobre materiais específicos que sugerem ações também específicas e ampliar o repertório de ação sobre eles.

 
Desenvolvimento de atividades dirigidas e em outras áreas



A atividade dirigida é fundamentalmente diferente da situação de brincadeira. A brincadeira exige condições que na atividade dirigida não se mantém, como a livre participação, a tomada de decisões por parte da criança, ausência de objetivos externos impostos etc. É importante que o professor tenha claro quando está dando uma atividade dirigida e quando está possibilitando uma brincadeira, e de que forma pode articular esses dois tipos de atividade em seu trabalho. Numa situação em que a professora escolhe e apresenta uma história, divide os personagens entre as crianças e propõe uma dramatização,  diferentemente de uma situação de brincadeira de faz-de-conta, as crianças não estão sendo espontâneas em suas decisões, na escolha dos papeis e no desenrolar do enredo. Trata-se de uma atividade dirigida que pode vir a alimentar, ampliando o repertório cultural das crianças, futuras brincadeiras de faz de conta. Uma roda de conversa, uma atividade de pesquisa sobre um tema, também podem ampliar o repertório de experiências das crianças (seu conhecimento sobre a realidade e sobre a cultura) e incrementar a brincadeira. A observação das brincadeiras das crianças por sua vez, dá elementos para que o professor levante temas e ações que interessam e já fazem parte do repertório das crianças. A brincadeira, por sua vez, impulsiona o desenvolvimento e as aprendizagens pela criança que serão manifestadas também na sua participação nas outras atividades.

Organização do tempo

No planejamento da rotina, alguns fatores são importantes ao se pensar no tempo para brincar. É necessário garantir uma regularidade na disponibilidade de tempo livre para brincar e para as outras atividades que alimentam o brincar. A freqüência e a regularidade na oferta de materiais e arranjos espaciais para brincar, garante que a criança possa explorá-los de diversas formas e avançar no seu modo de brincar. A flexibilidade do educador ao lidar com o tempo destinado à brincadeira é importante para permitir que a brincadeira surja espontaneamente a partir de um evento não planejado e para permitir o desenrolar da brincadeira tendo como referente a própria criança, o seu desejo e o seu tempo interno. Outro fator a se considerar na rotina é a possibilidade de encontro entre diferentes faixas etárias nos momentos de brincadeira, em que diferentes ZDPs se formam enriquecendo as possibilidades de aprendizagem entre as crianças.
 
Observação
A observação do brincar das crianças é um instrumento fundamental para o planejamento do professor. O professor deve saber o que observar, ter uma pauta de observação e também saber interpretar aquilo que observam, levantando elementos que o ajudarão na continuação das suas propostas de brincadeira e atividade dirigida, tais como principais interesses das crianças, dificuldades encontradas, competências demonstradas na brincadeira, etc. Algumas questões são interessantes para compor uma pauta de observação da brincadeira: Qual é o espaço? Quais os materiais e brinquedos? Quanto tempo durou? Quem delimitou o tempo? Qual o papel que o adulto assumiu durante o jogo? Como foi o desenrolar da brincadeira e os comportamentos de cada criança? Como era a atmosfera durante a brincadeira? Qual era o tema? Como foi a adoção de papéis pelas crianças? O que elas falaram durante a brincadeira? Quais foram as intervenções da professora? No que essas intervenções resultaram?
 
Administração de conflitos

A necessidade da criança de negociar regras, papéis e objetos com seus pares torna a brincadeira um campo fértil para disputas e conflitos. Por isso mesmo, faz dela um espaço privilegiado para o exercício de formas de relação socialmente aceitáveis. Muitas vezes elas são capazes de resolver sozinhas suas próprias disputas, mas algumas vezes é necessário o apoio do adulto para ajudar as crianças a encontrar alternativas sociáveis a comportamentos como bater e morder para se conseguir o que deseja. Para apoiá-la nisso e incentivá-la a resolver os conflitos cada vez mais com maior autonomia o professor não deve julgar rapidamente a situação e dar prontamente uma solução. É interessante que ele as aborde calmamente, contenha as ações agressivas, reconheça os sentimentos envolvidos, procure compreender a situação, recolher informações com as crianças, envolvê-las na descrição do problema e na procura de uma solução,
dando o seu apoio em cada uma dessas fases.
 
Fonte: Rede em rede: a formação continuada na Educação Infantil – Secretaria Municipal de Educação. – São Paulo

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