sexta-feira, 8 de junho de 2012

Morte: um momento difícil para a criança.

Este é mesmo um assunto difícil de se tratar com as crianças. Mas em algum momento vai acontecer. E aí o que fazer?
Em uma de minhas andanças pelos blogs descobri este relato que me emocionou. Graças a Deus, nós educadores somos apaixonados por nossas crianças e buscamos a todo momento formas de lhes fazer feliz, de acolher, de proteger.
Leia o registro e se emocione você também.

Professora, onde está o meu avozinho?

Lidar com a morte é sempre muito complicado ... Assusta, traz-nos à lembrança coisas que não queremos recordar, magoa, deixa-nos sem jeito e se é complicado até falar com um adulto, com uma criança é uma tarefa quase impossível.
Ao longo destes meus 36 anos de profissão, muitas têm sido as ocasiões em que me tenho deparado com o problema, mas a atrapalhação é sempre a mesma... O que responder quando nos defrontamos com uma pergunta como a que, infelizmente, a Inês Almeida me colocou há poucos dias...
- "Professora, onde está o meu avozinho?"
Que responder? Que dizer a uma criança tão pequenina? Como explicar o inexplicável?
Ir buscar uma resposta feita, uma experiencia vivida, uma resposta dada a outra criança?
E, uma a uma, as respostas dadas ao longo destes 36 anos foram assolando a mente e quase saltaram boca fora...
Depois, olhei a Inês, tão viva, tão alegre, tão despachada, tão cuidadosa, tão maternal nos seus 6 anitos, tão amiga, tão única e tão especial, como únicas e especiais são cada uma das crianças que nos são confiadas e achei que a Inês merecia que me debruçasse sobre ela, a abraçasse, a escutasse e certamente, a célebre resposta pré fabricada, tornar-se ia também ela única e viria ao encontro daquilo que a Inês merecia ouvir.
E foi o que fiz...
Como mais uma vez não sabia o que dizer, abracei a Inês e disse-lhe ao ouvido que ainda não sabia responder à pergunta dela, mas que de uma coisa eu tinha a certeza... Onde quer que o avozinho dela estivesse, estava bem, feliz e olhava para ela, para o mano, para a mãe, o pai, a avó e para todos. Disse-lhe também que tinha a certeza que ele está muito feliz e muito orgulhoso por ter uns netos tão lindos, tão queridos e tão especiais. A Inês sorriu e fez-me a única pergunta que eu nunca esperaria:
- Achas que o meu avozinho também está orgulhoso do Kiko (o gato lá de casa)?
Perante a minha resposta afirmativa a Inês pareceu satisfeita, e lá foi aos saltinhos para a casinha das bonecas. E eu respirei de alivio, pensando que mais uma vez tinha conseguido sair airosamente de um assunto indesejável, que não quero nem lembrar. Porém...
(Pois é, há sempre um porém:-)...
... Passado uns dias a Inês, na hora do conto, pediu que recontasse"Uma lagartinha muito comilona" de Eric Carle, história que fala, entre outas coisas da transformação de uma lagarta em borboleta. E foi o que fiz... No fim da história, que pediu para contar mais duas vezes, a Inês comentou:
- Sabes professora, acho que já sei onde é que está o meu avozinho. Acho que ele agora é um anjo. Também ele foi para dentro de um casulo e agora ganhou asas e já pode voar pelo céu. Eu sei que nós não o conseguimos ver, mas eu sei que ele está lá e por isso já não estou nada preocupada!
E eu, mesmo sem querer, ia chorando e só a muito custo me segurei. Nós adultos somos mesmo complicados.
Quanta sabedoria na voz desta criança! Tanto que eu tenho a aprender com ela!!!

Um comentário:

Andrea disse...

Lindo e emocionante...