Por que ler contos de fadas para as crianças?
Os contos de fadas ocupam lugar de destaque na
literatura infantil ocidental. Através de suas histórias, somos
transportados para lugares mágicos e secretos. No entanto, se entramos
em um universo de príncipes e princesas, também nos deparamos com
dragões, monstros e bruxas. Trata-se de um mundo encantado, cheio de
beleza, mas ao mesmo tempo, bastante cruel e amedrontador.
Por que continuamos, então, a ler essas histórias para
as crianças? Não deveríamos proteger nossos pequenos das agruras do
mundo?
Ora, o medo faz parte da condição humana. Ele está na
origem da fantasia e de nossa capacidade de imaginar, e nisso reside,
também, o grande fascínio que ele exerce sobre as crianças. Para elas,
não interessa um mundo sem conflitos. De forma simbólica, os contos
mostram às crianças que a vida é severa e que é preciso enfrentar
desafios na passagem para a vida adulta.
Os contos de fada, com seus monstros e perigos,
tranquilizam de certa forma os pequenos com relação aos seus próprios
temores. A partir da entrada em um mundo de imaginação e fantasia,
crianças encontram um lugar em que, apesar de tudo, o medo pode ser
dominado e banido. Isso explica porque elas sempre pedem para que os
adultos repitas as histórias.
Para muitos estudiosos, a estrutura narrativa dos
contos tem papel importante na formação humana, pois aborda assuntos
diretamente ligados às grandes questões de nossa existência, como a
coragem, a justiça, a vida, a velhice e a morte, a luta entre o bem e o
mal. Na medida em que percebemos que nossos medos são compartilhados com
outras pessoas, nos identificamos com a sociedade e a cultura da qual
fazemos parte.
Em nossos tempos politicamente corretos e
superprotetores, tendemos muitas vezes a querer retirar dessas histórias
os elementos que amedrontam as crianças, no entanto, são justamente
desses aspectos que elas necessitam para abordar os enigmas do mundo e
do desejo.
Para Diana e Mario Corso, autores de Fadas no Divã:
Psicanálise nas Histórias Infantis, “contar histórias não é apenas um
jeito de dar prazer às crianças: é um modo de ampará-las em suas
angústias, ajudá-las a nomear o que não pode ser dito, ampliar o espaço
da fantasia e do pensamento”.
(Juliana Montoia de Lima)
Indicações de leitura
Contos de fadas: Edição comentada e Ilustrada
Edicão, introdução e notas Maria Tatar; traducão Maria Luiza X. de A. Borges – Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004
Edicão, introdução e notas Maria Tatar; traducão Maria Luiza X. de A. Borges – Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004
Irmãos Grimm Contos de fadas
Tradução Celso M. Paciornik; apresentação Silvia Oberg. – 5.ed. – São Paulo: Iluminuras, 2005
Tradução Celso M. Paciornik; apresentação Silvia Oberg. – 5.ed. – São Paulo: Iluminuras, 2005
Fadas no Divã: Psicanálise nas Histórias infantis/ Diana Lichtenstein Corso, Mário Corso. – Porto Alegra: Artmed, 2006
A psicanálise dos Contos de Fadas, Bruno Bettelheim, Paz e Terra
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