domingo, 30 de outubro de 2011

A CRIANÇA E SUAS LINGUAGENS

As linguagens ocupam um lugar fundamental no trabalho pedagógico com crianças da Educação Infantil, uma vez que são mediadoras das relações entre os sujeitos envolvidos nas ações realizadas nas instituições, possibilitando as interações das crianças com a natureza e com a cultura, construindo sua subjetividade e constituindo-as como sujeitos sociais. [...]
[...] Dependendo da forma como o adulto atua nesse seu processo de reinvenção do mundo, as crianças podem apenas se apropriar mecanicamente das conquistas culturais da humanidade, como se tudo já estivesse pronto, ou podem redescobrir e transformar esse mundo, à sua maneira e dentro das possibilidades de seu momento de desenvolvimento, guiadas pela sua curiosidade e desejo de aprender.
As várias formas de linguagem, além de mediarem as múltiplas relações que são estabelecidas com as crianças numa Instituição de Educação Infantil, necessitam também ser pensadas e trabalhadas intencionalmente nos currículos dessas instituições, como sistemas simbólicos que têm funções sociais e estruturas específicas, que constituem acervos culturais ricos e importantes e cumprem papéis fundamentais no desenvolvimento das crianças.
Proposta Curricular da Educação Infantil, 2010.

Trabalhar com a criança pequena é pensar nas diferentes linguagens... no choro, na birra, nas expressões, no balbucio, nos gestos, no movimento, na arte, na música, no desenho, na escrita, no brincar e em muitas outras... é compreender o que querem dizer os pequenos.
Será que nossas crianças tem tido a oportunidade de se expressarem? A maneira como os professores organizam suas salas tem oportunizado as diversas linguagens? As diversas linguagens são valorizadas ou se privilegiam a escrita?
Já dizia Lóriz Malaguzzi, pedagogo e educador italiano
AO  CONTRÁRIO, AS CEM EXISTEM


A criança é feita de cem.
A criança tem cem mãos,
cem pensamentos,
cem modo de pensar,
de jogar e de falar.
Cem sempre cem
modos de escutar
as maravilhas de amar.
Cem alegrias
para cantar e compreender.
Cem mundos
para descobrir.
Cem mundos
para inventar.
Cem mundos
para sonhar.
A criança tem
cem linguagens
(e depois cem cem cem)
mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura
lhe separam a cabeça do corpo.
Dizem-lhe: 
de pensar sem as mãos
de fazer sem a cabeça
de escutar e de não falar
de compreender sem alegrias
de amar e de maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe:
de descobrir um mundo que já existe
e de cem
roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho,
a realidade e a fantasia,
a ciência e a imaginação,
o céu e a terra,
a razão e o sonho
são coisas que não estão juntas.
Dizem-lhe enfim:
que as cem não existem.
A criança diz:
ao contrário, as cem existem.

Nenhum comentário: