domingo, 6 de novembro de 2011

Encontro da Educação Infantil

Leis: 10639/2003 e 11645/2008
História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena

O encontro aconteceu em 31 de outubro no auditório da Secretaria Municipal de Educação de Nova Lima e reuniu coordenadores e supervisores da Educação Infantil. A palestrante Mara Evaristo, iniciou sua fala com a seguinte questão:

"No espaço onde você trabalha a etnia facilita ou causa dificuldade no trabalho de vocês?"
Foram muitas as colocações sobre a temática e o que acontece no contexto das escolas/instituições. Palestrante e grupo debateram sobre a realidade das escolas da rede apontando possibilidades e dificuldades no trabalho com as crianças e famílias. Muitos pontos trazidos pela palestrante ampliaram nosso olhar sobre as questões raciais que muitas vezes passam despercebidas e a importância do trabalho no contexto escolar.
Assim, deixo alguns pontos que foram destaque:

"A pessoa que discrimina passou por um aprendizado e a Educação Infantil pode contribuir fazendo as intervenções no tempo desse aprendizado. Como?
  • Garantindo literatura com presença de personagens negros e brancos para que as crianças possam se identificar;
  • Oportunizando o convívio com pessoas diferentes, suas dificuldades, como elas vivem...
  • Planejando o acolhimento da criança na escola.
"Tem criança que acha que a cor da pele é suja."

O por que da lei;
A sociedade reconheceu que existem três pontos que precisam ser discutidos:
  • Racismo;
  • Homofobia;
  • Sexualidade de gênero.
Todo mundo aprende a discriminar e a lei vem para fazer uma intervenção nesse processo.

Você sabia que os jovens negros morrem mais vítimas de violência?
Se pensarmos no contexto de nossas escolas, as crianças chamam a nossa atenção para coisas que não tem nome:
  • Sentimentos...
  • Sensações...
  • Ações...
  • Tratamentos...
  • Olhares...
  • Atitudes...
  • Posturas...
  • Silêncios...
"As coisas que não tem nome são mais pronunciadas por crianças.
 "Manoel de Barros"



E você professor,

Quais práticas criam ou legitimam os comportamentos discriminatórios entre as crianças?
Qual o padrão estético e Cultural hegemônico?

Algumas percepções das crianças;
  • No céu todos são brancos - as pessoas que morrem ficam com a alma branca;
  • Anjos pretos, só do mal;
  • Pivete é um menino negro que rouba;
  • Preto é maconheiro, feio demais;
  • Branco é a cor da pele normal;
  • Preto parece o diabo;
  • Preto é sujo, é o capeta. Branco é Deus;
  • A menina bonita do laço de fita é feia, porque é preta;
  • O cabelo é ruim, se cuidar, vai ficar igual ao de qualquer um.
A criança vai se relacionar com o mundo a partir do que ela ouve de si mesma. Seguem algumas características das crianças em diferentes idades;

...

Aos 02 anos;
  • As crianças tornam-se cada vez mais cientes do gênero e sentem curiosidade pela cor da pele, cor e textura do cabelo, a forma e a cor dos olhos e outros atributos físicos;
De 02 a 03 anos:
  • Começarão a observar os aspectos culturais na influência do gênero. Podem também começar a reconhecer diferenças étnicas;
De 03 a 04 anos:
  • Procuram explicações sobre as diferenças. Mostram maior consciência de sua estética, das semelhanças e diferenças;
Aos 05 anos:
  • Começam a construir uma identidade étnica do grupo, assim como uma identidade individual.
...

Mas afinal,
Quais as mudanças essenciais para um currículo que dê conta do trabalho com as questões étnicos raciais?
  • Discutir a legislação;
  • Literatura infantil que contemple a diversidade de gênero;
  • Diálogo com a família;
  • Atividades práticas que envolvam brincadeiras, teatro, histórias com negros como protagonistas;
  • Não limitar o trabalho apenas como data comemorativa;
  • Divulgação da etnia através de filmes, músicas, arte etc."

É preciso pensar na fundamental importância do papel  do professor diante do futuro de nossas crianças.



Um comentário:

Sheila disse...

Ótimo assunto! Não há época melhor pra evitar pensamentos que discriminam do que o período na educação infantil! Criança pequena não diz que o outro é menos ou incapaz por ser diferente do que a sociedade/mídia diz ser o perfeito/normal. E é um trabalho pra ser feito com a família tb. Deve ter sido uma excelente palestra!