Este é um dos desafios de se trabalhar com a criança pequena: controlar as mordidas, explicar aos pais, acalentar o que foi mordido e mais que tudo cuidar do que morde, afinal todos acabam ficando contra ele.
Perceber as mordidelas…
O artigo é da psicopedagoga Claudia 
Sousa.
Por que é que as crianças 
pequenas se mordem umas às outras e às vezes até a si mesmas? Expressão de 
agressividade? Violência? Stress? Sentimento de 
abandono?
Uma coisa muito comum nas Creches – mas que costuma 
provocar muita preocupação nos pais – são as mordidelas. Principalmente no 
período de adaptação, em que, além da maioria das crianças estar a viver a sua 
primeira experiência social extra-familiar, os grupos estão em fase de formação, 
de  “primeiras impressões”, ou em situações de entrada de crianças novas para a 
sala, as mordidas quase sempre fazem parte da rotina diária das crianças. Não é 
fácil lidar com esta situação, tanto para os pais (é muito doloroso receber o 
filho com marcas de mordida!), quanto para nós, Educadores (que nos sentimos 
impotentes, na maioria das vezes, sem conseguir impedir que elas 
aconteçam).
Mordendo o outro, a criança experimenta e investiga 
elementos físicos, como a sua textura (as pessoas são duras? São moles? Rasgam? 
Partem?), a sua consistência, o seu gosto, o seu cheiro; elementos “sexuais” (no 
sentido mais amplo da palavra), na medida em que morder proporciona alívio para 
as suas necessidades orais (nelas, a libido está basicamente colocada na boca) e 
ainda investiga elementos de ordem social, isto é, que efeitos esta acção 
provoca no meio (o choro, o medo ou qualquer outra reacção do amiguinho, a 
reprovação do Educador, etc).
É claro que, vencida esta primeira 
etapa de investigação, algumas crianças podem persistir em morder, seja para 
confirmar as suas descobertas ou para “testar” o meio ambiente (disputa de 
poder, 
questionamentos de autoridade, etc). Ou ainda, pode ser uma tentativa de defesa: ela facilmente descobre que morder é uma atitude 
drástica. Raramente a mordida é um acto de agressividade, e muito menos de 
violência, a não ser que estejam a viver alguma situação de intenso stress 
emocional em que todos os demais recursos estejam esgotados.
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