domingo, 27 de novembro de 2011

Educação Infantil, que espaço é esse?

Pensando sobre a difícil tarefa de cuidar e educar crianças pequenas e sobre o trabalho de muitas professoras, acabei conhecendo um pouco dos desafios do trabalho com esta faixa etária, na cidade de Estéio no Rio Grande do Sul. Compartilho com você um texto escrito por uma professora de berçário.

E a Educação Infantil? O que sabemos sobre ela?
Por Marisete Schmidt*
Quando fui convidada pelo Sindicato para escrever nesse espaço, fiquei dias me perguntando de onde deveria partir, o que escrever a respeito da educação infantil. Justifico minha preocupação pelo fato de ser a Educação de crianças pequenas algo ainda em construção (e diria até desconstrução).
Em cada escola e em cada turma de crianças percebe-se olhares diferenciados para tratar dessa chamada “educação”. Penso que esses olhares vão depender da visão de infância que cada profissional mantém dentro de si. E já poderia terminar esse texto aqui, chegando ao ponto de (re) lembrar que a educação infantil é o professor viver a infância junto com a criança, tornar o tempo que ela está na escola prazeroso, esquecer o controle de corpos (“fiquem sentados”, “brinquem somente no tapetinho”, “não pula fulaninho”), liberar os movimentos, as falas, exercitar a escuta sensível, conversar com a criança!
Mas ao seguir esse texto penso ser importante convidá-los a pensar em como a criança permanece quase 12 horas dentro de uma instituição de educação coletiva? Quais as visões que recaem sobre elas?
Enquanto profissionais ainda estamos lutando para entender a temática educação x cuidado. E assim, não é difícil percebermos ações extremamente escolarizantes e focados no interesse do adulto (muitos ‘trabalhinhos”, tudo deve ficar registrado, a criança tem que atingir os objetivos propostos pelas suas professoras, pautados num projeto da Escola). Onde estão os objetivos da criança? Quando ela chega na escola e propõe o que gostaria de fazer naquele dia?
Há também as turmas (geralmente das crianças menores de 3 anos) em que o cuidado ocupa todo o tempo e todas as energias das profissionais, logo não sobra espaço para um brincar com a interação do professor e nem para um cuidado mais pensado. E daí explico novamente: o cuidado na educação infantil vem a ser um fator muito importante, ele acontece o tempo todo e acoplando-o com o que chamamos de “educar” deve ser mais pensado! Não separamos o cuidar das atividades prazerosas ou de momentos mais livres, então esse cuidar não pode servir de desculpa para não aproveitarmos mais o tempo junto das crianças. Se uma criança precisa de uma troca de fraldas e por consequência de um banho, o professor pode fazer desse momento, um espaço para conversar com a criança, para brincar, para escutá-la (não somente através da fala, mas também dos olhares, gestos e até do silêncio!). E essa troca de fraldas e/ou banho deve aparecer da algum modo nos meus registros de professor.. O que eu pensei sobre esse momento? Com certeza não há tempo docente para tantos registros, mas o educador tem que ter em mãos o que justifica suas ações com as crianças. O meu cuidar/educar deve ser visível quando ao limpar o nariz de uma criança eu lhe convido para essa ação, ou quando eu lhe aviso que vou limpar o seu nariz, sem tornar aquele ato mecânico ou rotineiro, dando para a criança a consciência do que está acontecendo.
E é isso que vem se debatendo, a respeito da educação infantil... Que ela seja um espaço de bem-estar, de experiências prazerosas, de conquistas e descobertas. Sendo o seu professor, uma pessoa que irá (re) pensar as minúcias do cotidiano, tornando agradável esse ficar 12 horas longe de sua casa, mas num ambiente acolhedor e pensado para ela.
Conheça o trabalho da professora no blog

Um comentário:

Anônimo disse...

Precisamos a cada dia que passa, estar atento ao espaço que nos cerca e propiciar as nossas crianças a aprendizagem adequada.